Bandeira da “Nobel da Paz”, Corina, é entregar petróleo da Venezuela: “oportunidade de US$ 1,7 trilhão”

Noruegueses marcham em repúdio ao Nobel para Corina, que chama Trump a invadir a Venezuela (TeleSur)

Sob protestos de manifestantes e o cancelamento da tradicional marcha das tochas do Movimento Norueguês pela Paz, a fascista María Corina Machado não chegou a tempo e o prêmio foi entregue a sua filha

A golpista venezuelana María Corina Machado, agraciada com o “Nobel da Paz” este ano, faltou à entrega em Oslo da premiação nesta quarta-feira (10) e foi representada por sua filha, em meio à manifestação de protesto na capital norueguesa e o cancelamento da tradicional marcha das tochas, por decisão do Movimento Norueguês pela Paz. A conferência de imprensa foi adiada indefinidamente. O prêmio inclui uma medalha de ouro, um diploma e a quantia de US$ 1,2 milhão (cerca de R$ 6,5 milhões).

“Não ao Prêmio Nobel da Paz para belicistas” e “EUA, tire as mãos da América Latina!”, protestaram à tarde, diante do Instituto do Nobel, grupos pacifistas e personalidades progressistas. Denúncias, também, do apoio de Corina ao genocídio de Israel em Gaza e seus elogios ao premiê Netanyahu.

O Movimento Norueguês pela Paz reiterou seu rechaço à atribuição do prêmio à notória representante da extrema-direita venezuelana, enfatizando que sua concessão contradiz os estatutos do comitê do Nobel, já que a laureada mantém uma agenda que promove a guerra e a invasão de seu país – inclusive se manifestou abertamente a favor da intervenção militar ameaçada agora por Trump, o fechamento do espaço aéreo e os ataques a barcos no Caribe e no Pacífico.

“Alguns de seus métodos não estão alinhados com nossos princípios e valores ou com os de nossas organizações-membro, como a promoção do diálogo e de métodos não violentos”, denunciou a presidente do Movimento Norueguês pela Paz, Eline Lorentzen.

Se lhe faltam quaisquer atributos para ser agraciada em prol da “paz”, a premiação é melhor explicada – nesse momento de intervenção militar norte-americana explícita no Caribe – pelas suas enfáticas declarações a favor do que qualquer pessoa de bom senso considera o real objetivo de Trump: assaltar as reservas de petróleo venezuelanas, as maiores do planeta e que ficam logo ali do outro lado do Golfo.

Ben Norton, do Geopolitical Economy Report, reproduziu uma palestra de Corina em Miami no dia 5 de novembro, no American Business Forum 2025, em que ela oferece aos norte-americanos “US$ 1,7 trilhão” em petróleo, gás, ouro, infraestrutura e mineração, que ela irá privatizar se Maduro for derrubado. Veja o vídeo abaixo

E uma transcrição parcial: “Estou falando de uma oportunidade de US$ 1,7 trilhão, não só no setor de petróleo e gás, que é enorme, e você sabe que existem oportunidades, porque vamos abrir tudo, upstream, midstream, downstream, para todas as empresas; mas também na mineração, no ouro, na infraestrutura, na energia.”

“Nossa rede agora tem uma oportunidade de 17 gigawatts de potencial energético que precisa ser reabilitada, certamente para tecnologia e IA.”

“Então isso vai ser enorme. Vamos abrir mercados. Teremos segurança para investimento estrangeiro e um programa de privatização transparente e massivo que está esperando por você.”

E antes: “É incrível, super empolgante para mim: vamos abrir a Venezuela para investimento estrangeiro”. No evento, entre outros, o prefeito republicano de Miami, Francis Suárez, e o filho do presidente Trump, Donald Jr.

Em junho, em um evento organizado pela AS/COA, um grupo de lobby corporativo financiado por uma lista de grandes empresas dos EUA, Corina apresentou seu programa econômico ultra-direitista. Empresas americanas “vão ganhar muito dinheiro”, prometeu à líder golpista.

Em fevereiro, em uma entrevista com Donald Trump Jr, ela prometeu novamente vender os ativos de seu país para corporações americanas. “Vamos privatizar toda a nossa indústria”, disse ela, enfatizando que as empresas americanas “vão ganhar muito dinheiro”.

Mais: “Esqueça a Arábia Saudita; esqueça os sauditas. Quero dizer, temos mais petróleo, quero dizer, potencial infinito. E vamos abrir mercados. Vamos expulsar o governo do setor petrolífero. Vamos privatizar toda a nossa indústria.

“A Venezuela tem enormes recursos: petróleo, gás, minerais, terra, tecnologia. E, como você disse antes, temos uma localização estratégica, sabe, a horas dos Estados Unidos. Então vamos fazer isso direito. Sabemos o que temos que fazer.”

Durante a entrega da premiação, a filha de Corina, Ana Corina, leu uma carta, cheia de resmungos de fascista pelo seu fracasso em derrubar o governo legítimo e entregar o país aos monopólios norte-americanos. E nenhuma referência ao cerco da Venezuela por uma frota de guerra norte-americana, ao fechamento do espaço aéreo e à ameaça de invasão terrestre, sob o pretexto de “combater os narcoterroristas”.

O padrinho de Corina no Nobel, Marco Rubio, considerou mais conveniente não ir em pessoa a Oslo, mas outros dirigentes latino-americanos avassalados por Washington fizeram questão de estar lá. Javier Milei, o presidente da motosserra na Argentina; o recém derrotado no plebiscito das bases americanas, Daniel Noboa, do Equador; José Raúl Mulino, do acuado Panamá; e o presidente do Paraguai, Santiago Peña.

Em sua primeira declaração após ser anunciada como vencedora, Corina agradeceu ao presidente dos EUA: “Eu dedico este prêmio ao sofrimento do povo venezuelano e ao presidente Trump por seu apoio decisivo à nossa causa!”.

Herdeira de uma das famílias mais ricas da Venezuela, Corina fez sua primeira aparição nas fileiras fascistas ao ser signatária da carta de apoio a Dom Carmona, o breve, no golpe que durou 48 horas e do qual o presidente Hugo Chávez voltou nos braços do povo.

Desde então, não houve uma falseta golpista em que não estivesse metida. Da fachada da Súmate, patrocinada pelo National Endowment for Democracy (NED), às guarimbas de 2014 e 2017, passando pelo “presidente nomeado” (por Trump) Juan Guaidó e o roubo de ativos venezuelanos nos EUA e no Reino Unido, até a candidatura do ex-agente da CIA, Edmundo Gonzáles, em 2024, e as tentativas violentas de fraudar a eleição.

Corina chegou a ser deputada, mas foi cassada em 2015, após representar um país estrangeiro, o Panamá, em uma provocação contra a Venezuela na Organização dos Estados Americanos, em violação à constituição venezuelana. É considerada foragida.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *