IPCA foi de 0,56% em outubro. Como observou a CNI, ao condenar a elevação da taxa de juros pelo Banco Central, “a inflação tem sido impactada por fatores sobre os quais a política monetária não tem efeito”
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,56% em outubro deste ano, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (8). Com o resultado, no ano, o IPCA acumula alta de 3,88%. Nos últimos 12 meses, está em 4,76%. Em outubro de 2023, o indicador ficou em alta de 0,24%.
Como já era esperado, a inflação mais uma vez neste ano foi alavancada pelo aumento nos preços da energia, que subiram no mês de outubro 4,74%, por conta da vigência no mês da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que acrescenta R$ 7,877 a cada 100 kwh consumidos. Frente ao aumento nas tarifas de energia, o grupo habitação registrou alta de 1,49%, a maior variação entre os grupos pesquisados.
Outro componente que pesou no bolso dos consumidores foram os preços no grupo Alimentação e bebidas, que subiram 1,06%, uma alta puxada pela alimentação no domicílio, que subiu de 0,56% em setembro para 1,22% em outubro.
Conforme o IBGE, “em termos de impacto no índice geral de outubro, tanto Habitação quanto Alimentação e Bebidas exerceram influência de 0,23 p.p no índice geral., sendo que, entre os subitens, a energia elétrica residencial foi o que mais pressionou o resultado, com 0,20 p.p. de impacto”, afirma o instituto em nota.
Ou seja, o IPCA, assim como visto em setembro deste ano, está captando o clima desfavorável de secas, que traz problemas à produção de alguns alimentos e reduz os níveis de águas das hidrelétricas. A essas questões, o aumento da taxa básica de juros (SELIC) do Banco Central (BC) nada pode fazer. Mas o mercado financeiro, não poupando tempo, já pôs no dia de hoje seus porta-vozes na mídia para pressionar por mais aumento de juros.
Na última quarta-feira, o BC elevou a Selic em 0,50 ponto, passando o nível da taxa de 10,5% para 11,75%. Nesta sexta, já há pressão por mais um acréscimo de 0,75 ponto percentual (p.p.), o que jogaria a Selic para 12,50% em dezembro deste ano.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classifica como “equivocada” a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, de elevar a taxa referencial de juros da economia de 10,75% para 11,25%. “No cenário doméstico, o quadro segue sendo de controle da inflação”, aponta a entidade.
“É importante observar que a inflação tem sido impactada por fatores sobre os quais a política monetária não tem efeito”, observa a CNI. “A elevação na Selic apenas irá trazer prejuízos desnecessários à atividade econômica, com reflexos negativos em termos de criação de emprego e renda para a população”, condenou a entidade.
Conforme o IBGE, ainda, as demais variações por grupo de preços pesquisados ficaram entre o recuo de 0,38% de Transportes e a alta de 0,70% de Despesas Pessoais.
Resultado do IPCA por grupo:
Alimentação e bebidas: 1,06%;
Habitação: 1,49%;
Artigos de residência: 0,43%;
Vestuário: 0,37%;
Transportes: -0,38%;
Saúde e cuidados pessoais: 0,38%;
Despesas pessoais: 0,70%;
Educação: 0,04%;
Comunicação: 0,52%.
ANTONIO ROSA