Nestes dias que se seguem ao anúncio da tomada do poder em Damasco pelo bando Hayat Tahrir Al Sham, milícias dos diversos grupos fomentados pela CIA e Pentágono semeiam o terror na Síria
Informações, declarações e vídeos chocantes estão expondo as represálias sangrentas dos terroristas salafistas que tomaram o poder na Síria, contra moradores, minorias étnicas, supostos ex-militares e até mesmo religiosos, assim como depredações e pilhagem, e que desmascaram a narrativa de órgãos como a CNN de que estes seriam, agora, “fofos rebeldes”.
São imagens do que o correspondente internacional Pepe Escobar chamou de “Morte de uma nação: bandeiras negras, massacres e roubo de terras, enquanto os abutres devoram a carcaça da Síria”.
Vídeos de conteúdo chocante: um bando armado que invade um hospital em Manjib e metralha soldados feridos, deitados nos leitos; um homem meio morto que é arrastado por cordas pela estrada; um militar espancado diante da mãe. Dois homens, quem sabe, supostamente militares ou membros do Baath, desarmados, rendidos no chão, e sumariamente executados a tiros.
O que ocorre em paralelo à suspensão da Constituição e ao fechamento do parlamento, primeira medida oficial do recém nomeado governo fantoche, e convive com a virtual destruição de qualquer vestígio de ordenamento jurídico no país.
E com a investida de Israel para destruir, na maior campanha de bombardeio de sua história, qualquer meio de proteção da soberania síria, desde a defesa antiaérea à frota naval, e ainda a aviação de guerra, depósitos de armas e arsenais de munição.
O norte e leste sírio estão em caos, com terroristas ligados à Turquia, e que operam sob o nome de fantasia de ‘Exército Nacional Sírio’, atacando as milícias curdas a soldo de Washington, e que dão cobertura ao roubo do petróleo e do trigo sírio. Além de servirem de guarda às dezenas de milhares de ex-integrantes do Estado Islâmico e suas famílias, em campos de concentração no leste, possivelmente mantidos como reserva para futuras provocações.
Manifestantes contra o SDF – bando declaradamente aliado dos EUA – são dispersos a tiros em Raqqa:
As tribos no leste, que não quiseram se colocar sob ordens das milícias de Idlib nem aderir aos curdos americanizados, estão sendo bombardeadas pela aviação norte-americana, acusadas de serem “remanescentes do Estado Islâmico”.
LÍDER RELIGIOSO ASSASSINADO EM DAMASCO
Dos muitos mortos nesses pogroms provavelmente ninguém saberá tão cedo seus nomes. Mas alguns têm destaque suficiente para sua execução não ficar em branco. O Xeique Tawfiq al-Bouti, filho do famoso xeique Muhammad Said Ramadan al-Bouti, que foi o imã da venerável mesquita de Umaiada, foi assassinado em sua madrassa (escola religiosa) em Damasco.
Um primo do presidente Assad, Suleiman, foi enforcado sem julgamento em praça pública, em Latakia, pendurado em um guindaste.
O palácio presidencial em Damasco foi invadido e saqueado, assim como sedes do Partido Baath. Uma multidão armada violou o cemitério de Kardakh, e queimou o túmulo do líder da revolução de renascimento árabe na década de 1960, Hafez Assad, pai de Bashar.
Como observou, no jornal russo Izvestia o cientista político Kirill Semenov, “todos os alauitas são chamados de ‘cúmplices do regime’ e estão todos em perigo”.
Segundo ele, a situação “poderia evoluir para um massacre de minorias religiosas”: os alauitas são xiitas.
Igualmente em perigo estão os cristãos sírios, uma comunidade milenar, drusos e outras minorias, que são vistos pelos sectários portadores de bandeiras negras como hereges.