Na véspera do Copom, boletim do BC aponta que Selic continua em 15%. Juro real (descontada a inflação) dispara
Os bancos permanecem projetando uma Selic (taxa básica de juros) de 15%, às vésperas da última reunião do Copom de 2025, mesmo com a inflação em baixa e com a economia em processo de estagnação. O boletim Focus do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira (24), mostra um novo corte no ponto médio da inflação esperada para 2025 pelos bancos e demais rentistas, que caiu de 4,43% para 4,40% – sendo a quarta semana seguida de queda.
Apesar deste novo corte nas estimativas de inflação, o cartel dos bancos consultado pelo BC continua pressionando pela manutenção dos juros estratosféricos, mantendo a projeção da taxa Selic, pela 24ª semana seguida ou 6 meses, estacionada em 15% ao final de 2025. O que significa, na verdade, na elevação do juro real (descontada a inflação), senão o primeiro, o segundo maior do mundo.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC realiza sua última reunião deste ano nos próximos dias 9 e 10 de dezembro, não podendo negar que a decisão de elevar os juros gerou forte estrago na economia do Brasil.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na semana passada, mostram que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro variou apenas 0,1% no 3º trimestre deste ano, após crescer 0,3% no 2º trimestre do mesmo ano. No primeiro trimestre de 2025, a economia cresceu 1,5%, devido à agropecuária, que conta com a menor participação no PIB.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, alerta que o quadro econômico deve ser pior no último trimestre deste ano.
“Existe uma defasagem entre a elevação das taxas de juros e a materialização dos efeitos sobre a economia. Isso significa que a perda de ritmo adicional ainda deve acontecer”, afirma o empresário, ao cobrar a imediata redução dos juros.
Em relação com 2024, o PIB cresceu 1,8% no terceiro trimestre de 2025, também por força da Agropecuária, que cresceu 10,1% em relação a igual período de 2024. Isso porque houve de um ano para outro aumentos acima de 10% na produção de milho (23,5%), laranja (13,5%) e algodão (10,6%). Entre os meses de abril e junho o crescimento do PIB estava em 2,2%.
Quando se observa os setores econômicos com mais peso no PIB, a indústria e serviços mostram forte desaceleração no crescimento.
A Indústria cresceu 1,7%, principalmente pelas altas de 11,9% nas Indústrias extrativas (com a maior extração de petróleo e gás). A Indústrias de transformação, que corresponde por mais de 80% da indústria geral, está em -0,6% em comparação ao ano anterior. No ano passado, a indústria de transformação avançou 3,8%, o que contribuiu fortemente para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024, que subiu 3,4%.
O setor de Serviços – a atividade responsável por cerca de 70% do PIB nacional – cresceu 1,3% frente ao mesmo período de 2024, com o Comércio variando em alta de 0,4%. A CNI destaca que o setor nos últimos anos sempre mostrou “altas formidáveis”, “de forma que o volume de serviços prestados renovou máximas históricas”, mas agora diante da desaceleração da economia, o crescimento acumulado do PIB do setor em quatro trimestres diminuiu para 2,2%, “o menor ritmo de expansão nessa comparação desde o 2º trimestre de 2021”, diz a entidade.
Pela ótica da demanda, o consumo ficou praticamente estagnado, com alta de apenas 0,1% no terceiro trimestre, piorando ante os dois trimestres anteriores, quando cresceu 0,6%, respectivamente. Frente a 2024, a alta é de apenas 0,4%.
Já os investimentos como proporção do PIB recuaram de 17,4% para 17,3%, com os investimentos em máquinas e equipamentos, construção civil, etc…, que são medidos pela Formação Bruta de Capital, subindo 0,9% no terceiro trimestre de 2025, o que não recuperou as perdas vistas no trimestre anterior (-1,5%).











