Comparação com chefe de uma organização associada à corrupção, que está no novo livro de Obama, não agradou o presidente de honra do PT
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva foi procurado pelo site UOL e não quis comentar as declarações de Barack Obama sobre ele publicadas no novo livro do ex-presidente dos EUA. Obama deu uma entrevista na segunda-feira (16) para falar de seu novo livro no programa “Conversa com Bial”, da Rede Globo. Na ocasião o político americano criticou Jair Bolsonaro e disse ele que é uma imitação de Trump.
O trecho da obra (veja abaixo) que não agradou a Lula foi a comparação que Obama faz entre ele, Lula, e os chefões do Tammany Hall, uma organização associada à corrupção e abuso do poder de meados do século 19 até o início do século 20 em Nova York, com forte influência no braço local do Partido Democrata.
Tanto Lula como o PT costumavam elogiar muito o ex-presidente dos EUA. Esta avaliação que Obama fez em seu novo livro difere do que ele dizia publicamente sobre Lula quando este era presidente. Na época, Obama chegou a dizer que “Lula é o cara”.
Depois que Lula saiu do governo, vieram à tona escândalos que revelaram o envolvimento de Lula e do PT com o cartel das empreiteiras chefiado pela gigante Odebrecht. Lula acabou sendo condenado à prisão por ter recebido propina dessas construtoras integrantes do cartel.
Um desses escândalos, que levaram Obama a mudar sua avaliação sobre Lula, envolveu a aquisição de um apartamento triplex no Guarujá, no litoral paulista. Segundo concluiu a Justiça Federal de Curitiba e o TRF-4, este imóvel fez parte do esquema de suborno das empreiteiras.
“O presidente brasileiro, por exemplo, Luiz Inácio Lula da Silva, tinha visitado o Salão Oval em março, causando boa impressão. Ex-líder sindical grisalho e cativante, com uma passagem pela prisão por protestar contra o governo militar, e eleito em 2002, tinha iniciado uma série de reformas pragmáticas que fizeram as taxas de crescimento do Brasil dispararem, ampliando sua classe média e assegurando moradia e educação para milhões de cidadãos mais pobres. Constava também que tinha os escrúpulos de um chefão do Tammany Hall, e circulavam boatos de clientelismo governamental, negócios por baixo do pano e propinas na casa dos bilhões”, escreve o ex-presidente americano.