Após o alerta de instabilidade da Barragem Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Congonhas, na região central do estado, o governo de Minas Gerais organizou em sigilo um grupo de ação emergencial, formado principalmente por Bombeiros, Defesa Civil e Polícia Militar, para efetuar operações de evacuação e salvamento.
De acordo com auditorias do Centro de Apoio Técnico do Ministério Público, desde 2016 o empreendimento sofre com o aparecimento das chamadas surgências, que são infiltrações nos maciços da estrutura. A barragem retém 9,2 milhões de metros cúbicos de rejeitos, que ameaçam 4,7 mil moradores da região. Como comparação, o distrito de Bento Rodrigues fica a 5 quilômetros da Barragem do Fundão e foi varrido pela lama 25 minutos após o rompimento. Mais uma vez, em Congonhas as comunidades em risco não contam com o planejamento necessário, como sirenes de alarme, nem treinamento de fuga ou outras ações de prevenção.
O próprio comandante dos Bombeiros da região, capitão Ronaldo Rosa de Lima, admitiu que a represa de rejeitos encontra-se “propensa a rompimento”, o que tem levado a corporação a cobrar medidas da CSN e dos órgãos de defesa civil. O comandante-geral do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, coronel Cláudio Roberto de Souza, assinou a transferência do comandante Ronaldo Rosa de local de atuação, um dia após ele admitir os riscos em sua declaração.
No mês passado, o Ministério Público do Trabalho determinou a interdição das atividades de operação na Barragem Casa de Pedra. Segundo os auditores fiscais, após inspeção e análise documental, foi constada a existência de “risco grave e iminente”, capaz de causar acidentes graves com os trabalhadores que participam da operação da barragem.