Barroso antecipa saída do STF: “hora de seguir outros rumos”

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. Foto: SCO - STF

Saída permite que Lula faça mais uma indicação ao Supremo em três anos de governo. “Filosoficamente, sou a favor de mais mulheres nos tribunais superiores”, defendeu o ministro

O ministro Luís Roberto Barroso anunciou, nesta quinta-feira (9), aposentadoria antecipada do STF (Supremo Tribunal Federal). Aos 66 anos, ele poderia permanecer no cargo até os 75, mas disse que decidiu sair por motivos pessoais e para “viver mais a vida fora da exposição pública”.

“Chegou a hora de seguir outros rumos. Não tenho apego ao poder e quero viver com mais espiritualidade, literatura e poesia”, afirmou, emocionado, durante sessão da Corte.

Barroso ficou mais de 12 anos na Corte e presidiu o tribunal entre setembro de 2023 e setembro de 2025. Com a saída, o presidente Lula (PT) fará a terceira indicação dele ao STF em menos de 3 anos de mandato.

LULA INTUIA”

O ministro contou que o presidente já desconfiava da decisão. “Eu estive com ele no show da Maria Bethânia, no sábado (4), e disse que precisava tratar de um assunto importante. Ele já intuía o que era”, relatou Barroso.

Reunião chegou a ser marcada para quarta-feira (8), mas foi adiada por compromissos políticos do presidente. “Achei que cumpri meu papel e era hora de dar lugar a outra pessoa”, completou.

“MULHERES COMPETENTES”

Barroso afirmou ser defensor da presença feminina no Supremo e sinalizou que gostaria de ver uma mulher no lugar dele na Corte. A única mulher no tribunal é a ministra Cármen Lúcia.

“Existem muitas mulheres competentes. Filosoficamente, sou a favor de mais mulheres nos tribunais superiores”, disse.

O ministro adiantou que não pretende voltar à advocacia nem assumir cargos diplomáticos. Seus planos incluem atividades acadêmicas no exterior, com curso previsto na Universidade de Sorbonne, na França.
“Quero ser um intelectual público, alguém que pensa o País sem cargo e sem deveres”, afirmou.

INCÔMODOS PESSOAIS

Nomeado por Dilma Rousseff em 2013, Barroso vinha demonstrando desgaste com a intensa exposição do cargo.

Em entrevista recente ao jornal Folha de S.Paulo, relatou incômodo com ataques pessoais:

“A AGU pagou honorários a mais de mil advogados da União, mas a notícia foi que a namorada do Barroso recebeu R$ 300 mil. Isso magoa”, desabafou.

Ele admitiu, à época, já considerar a aposentadoria: “Às vezes tenho a sensação de que já cumpri meu ciclo”.

A escolha do substituto deve ocorrer nas próximas semanas, com sabatina e votação no Senado ainda neste ano.

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