
“Houve um planejamento de golpe, mas nunca teve o golpe efetivamente”, admitiu o chefe do PL. É verdade, se tivesse havido, Alexandre de Moraes estaria morto e os demais integrantes do STF, presos
Depois de dizer que a única solução para salvar o bolsonarismo seria uma intervenção militar dos Estados Unidos no Brasil, o presidente do Partido Libera (PL), Valdemar Costa Neto, admitiu, no último sábado (13), o que todos já sabiam, que realmente houve um “planejamento do golpe”. Ele quis dizer que isso não é crime.
Para o chefe do partido golpista, o “grande problema” foram os atos no 8 de Janeiro, que segundo ele, os “camaradas com pedaço de pau e um bando de pé de chinelo quebrando” a Praça dos Três Poderes foram os responsáveis para que o Supremo julgasse a movimentação como trama golpista.
“Houve um planejamento de golpe, mas nunca teve o golpe efetivamente. No Brasil a lei diz o seguinte: ‘se você planejar um assassinato, mas não fez nada, não tentou, não é crime’. O golpe não foi crime. O grande problema nosso é que teve aquela bagunça no 8 de Janeiro e o Supremo diz que aquilo foi golpe”, argumentou.
Desmentindo Valdemar da Costa Neto, o Supremo Tribunal Federal não julgou o golpe em si. Até porque se ele tivesse se efetivado, os juízes estariam presos e alguns deles, mortos. A Corte julgou a tentativa de golpe. O crime foi planejar o golpe. O 8 de janeiro fez parte da execução do plano, assim como o plano “Punhal Verde e Amarelo” e a “Operação Copa 2022” fizeram parte da execução do golpe que previa o assassinato de Lula, de Geraldo Alckmin e de Alexandre de Moraes.
“Olha só, que absurdo, camarada com pedaço de pau, um bando de pé de chinelo quebrando lá na frente e eles falam que aquilo é golpe”, afirmou o presidente do Partido Libera (PL), Valdemar Costa Neto. Realmente os “pés de chinelo” que quebraram tudo foram orquestrados pelos chefes golpistas, mas o fato de Exército e Aeronáutica terem se recusado a aderir à trama fez fracassar o golpe planejado.
A declaração de Valdemar admitindo o plano de golpe foi recebida com revolta pelos apoiadores de Bolsonaro. Eles perceberam que a declaração os compromete. Afinal, todos sustentavam que não existiu nenhum planejamento de golpe. Para os criminosos, tais falas podem enfraquecer as articulações para aprovar o projeto da impunidade no Congresso Nacional.
O ex-ministro de Bolsonaro e advogado do ex-presidente, Fabio Wajngarten, reagiu à declaração e questionou se, de fato, houve planejamento do golpe. “Houve planejamento de golpe? Se sim por quem? Alguém financiou? Não é possível mais ouvirmos e nos calarmos. Chega”, escreveu Wajngarten no X.
O deputado federal, Ricardo Salles (Novo-SP), aquele que foi investigado por contrabando de madeira e que queria aproveitar a pandemia para passar a “boiada” da destruição ambiental, respondeu que “não foi por falta de aviso” em uma publicação de Paulo Figueiredo. No post, o braço-direito de Eduardo Bolsonaro (PL) criticou a declaração do presidente do PL. “Como eu digo: não estamos nesta merda de dar gosto à toa”, escreveu no X.