DENOY DE OLIVEIRA
Drapejando nas telas a capa do Morcego Negro. Quem pode fugir, fuja!, que o morcegão promete massacre total. Não há como enfrentar Bruce Waine, com seu Batmóvel, Batnave, Batroupa, Batcinto, Batdólares…
E tudo começa em 1979, quando dois produtores executivos, Benjamin Melniker e Michael Uslam, compram da DC Comics os direitos para filmar Batman. Depois, acerto com os produtores, a bem sucedida Guber-Peters Company. Pra dirigir, Tim Burton, que iniciara fazendo animação na Disney e acertara em “Os Fantasmas se Divertem” (88).
A lenda “Batman” começa em 1939, com um rapazola de 18 anos. Bob Kane. Seu parceiro, escritor das histórias, Bill Finger, já falecido, diria: “Eu queria que Batman tivesse a capacidade de sentir-se ferido”. (Como todos nós!).
Isso distinguiria o Morcego dos seus parceiros Super-heróis. Bruce Waine é um milionário (quem não quer ser?), bondoso (quem não se acha?), com a missão autoimposta pelo covarde assassinato dos pais (quem não é um vingador?); tem uma caverna (ai, o ventre materno!) e um estonteante Batcarro (quem não quer um?) para manter a ordem e a Lei em Gotham City.
E Gotham City? Vejamos o que diz Anton Furst, o cenógrafo: “Gotham está baseada nos piores aspectos de Nova York”. Ou seja, a grande fotogenia dos becos, das latas de lixo, da sujeira biológica e moral, que, no cinema, essas excrescências não fedem, ao contrário, brilham…
Para “Batman”, o ator Michael Keaton, que em 88 fizera com o diretor “Os Fantasmas Se Divertem”, para o tenebroso e debochado “Coringa”, uma grande vedete da tela: Jack Nicholson, presença inesquecível no belo filme de Hector Babenco “Ironweed”.
E assim, juntando sempre os melhores e a melhor tecnologia, teríamos a bela fantasia que enquanto nos embala, por baixo da capa vai nos revelando números estonteantes: até início de agosto “Batman” já havia rendido 200 milhões de dólares. Voando sobre ele, apenas a bicicleta do “ET”, com mais de 220 milhões de dólares.
Grana paca! Filmes como “Batman”, “Indiana Jones e a Última Cruzada”, “Rain Man”, “Os Caça Fantasmas II”, “Máquina Mortífera II” e outros, já permitem prever que em 89 passarão pelas bilheterias americanas a bagatela de 4,7 bilhões de dólares, batendo o recorde de 88 que foi 4,46 bilhões. Em 88 o campeão de bilheteria foi “Uma Cilada Para Roger Rabbit” que, só nos EUA, foi lançado em 4000 cinemas. Números! Previsões! Equações! Jogo! Especulação! Cinema também é isso! Cinema não é só isso! E nós precisamos entender de tudo.
Sem erotismo e muita criatividade
Desenho animado no século XXI “Poderes Eróticos” é um desenho de longa metragem. Você não deve se aterrorizar com a “chamada” na capa do vídeo ou mesmo com o título, muito mais adequado no original: “Wicked City” (Cidade Perversa). Origem: Japão. Não estamos em reino de Disney ou do recém comentado “Uma Cilada Para Roger Rabbit”. Nada de inocência. “Poderes Eróticos” é uma incrível viagem pelo fantástico. O mundo se rebate com o reino das sombras, onde forças malignas procuram de todas as formas impedir o “cessar fogo”. Essas formas e forças milenares estão presentes em figuras grotescas, em mulheres-aranhas ou mesmo belas “pin-ups” de olhos rasgados.
Embora sempre viajando na dualidade do Bem e do Mal, as figuras são aterradoras e de violência imprevisível. Quem curte histórias em quadrinho e acompanha “Ronin” de Frank Miller pode ter idéia do estilo deste desenho animado. A observar: a procura de uma ocidentalização de algumas figuras importantes, mesmo da narrativa, da composição, da trilha de ruídos e música. É o lento trabalho da indústria oriental para ganhar um espaço no mercado mundial. Mas é interessante que mesmo com essas concessões, independente do idioma, claro, reconhecemos o grafismo japonês, a limpidez de utilização dos espaços.
Alguns quadros são de belíssima composição. Como por exemplo, o instante em que o casal de mocinhos anda para o infinito ficando na tela um belíssimo panejamento da jovem. A par das discussões culturais que os desenhos japoneses possa nos sugerir, “Poderes Eróticos” é um vídeo obrigatório por sua correção gráfica, movimentos harmoniosos, até emocionantes (a lágrima nos olhos da jovem) e a aula de premonição do fantástico como só no grafismo podemos realizar.
Lançamentos da “Top Tape” com legendas eletrônicas em português.