Em ata, Copom afirma que “não hesitará em elevar a taxa de juros”
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (6) a ata da sua última reunião, em que decidiu de forma unânime manter a taxa básica de juros (Selic) nos escandalosos 10,5% ao ano. Na ata, o BC afirma que, além de manter os juros altos “por um tempo suficientemente longo“, por unanimidade “reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”.
“O Comitê avaliará a melhor estratégia: de um lado, se a estratégia de manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo levará a inflação à meta no horizonte relevante; de outro lado, o Comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”, diz a ata do Copom.
Na ata, o BC reafirmou ainda a sua posição em prol do sistema financeiro, por mais arrocho monetário e mais cortes nos gastos públicos, destacando que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária“.
O que o colegiado de diretores almeja é que a economia do país desacelere e entre em recessão, gerando desemprego, desvalorização dos salários, cortes nos investimentos e no consumo, a pretexto de cumprir uma meta de inflação, que está controlada.
Em 2024, a inflação brasileira segue dentro da meta estipulada pela equipe econômica do governo Lula – que é a mesma do governo anterior de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo. Mas, para manter os extraordinários ganhos com a transferência de recursos públicos para o pagamento de juros da dívida, que ultrapassa R$ 830 bilhões em 12 meses, qualquer justificativa vale, cravar a meta nos 3% sem um decimal há mais ou a menos, dificuldades advindas do ambiente externo, a taxa de câmbio (que o BC deixa os especuladores fazerem o que querem) e até a inflação dos barzinhos.
A economia real, as dificuldades do setor produtivo, principalmente da indústria de transformação, não existem no horizonte das preocupações do diretores do Banco Central, agora ainda mais servil ao corporativismo financeiro – devido à lei que determina a “independência” do BC das necessidades do crescimento e desenvolvimento do país e do povo brasileiro.