O Banco Central da Rússia pediu a empresas industriais e prestadoras de serviços que transfiram suas participações cambiais em dólares e euros para moedas “amigáveis”, como o yuan chinês
“O bloqueio de ativos russos por países hostis, bem como as restrições operacionais aos acordos nas principais moedas de reserva do mundo, criam riscos para cidadãos e empresas ao usar o dólar americano e o euro”, reiterou o Banco Central em comunicado no dia 4 de agosto.
Conforme divulgado, o Banco introduzirá medidas adicionais para reduzir as operações em dólares e euros, acelerando uma campanha de desdolarização que, de acordo com as autoridades, contribuirá com a proteção da economia e dos cidadãos russos.
O ministro das Finanças, Anton Siluanov, chamou o dólar e o euro de “moedas tóxicas” para a Rússia, já que seu uso foi restrito no país em meio das sanções ocidentais. Em resposta, Moscou optou por utilizar para o comércio os rublos e as moedas das chamadas nações “amigáveis”, que não aderiram às sanções americanas, europeias e britânicas contra o país.
Após o início da operação militar russa na Ucrânia, as nações ocidentais encabeçadas pelos EUA congelaram cerca de metade das reservas internacionais da Rússia, US$ 300 bilhões. A guerra econômica contra o país – que incluiu além do confisco de reservas cambiais, desligamento da maioria dos bancos russos do principal sistema de pagamentos global, sanções autorizando o roubo dos pagamentos pelo gás, petróleo e quase todas as demais exportações russas – teve como efeito colateral fazer disparar os preços dos combustíveis, acionando a inflação.
A alta inflacionária atingiu em um primeiro momento os grãos, óleo de cozinha e fertilizantes, produtos dos quais a Rússia é um dos principais fornecedores.
Como resultado, o Kremlin determinou no final do mês de março que o pagamento das exportações de gás russo terá de ser feito exclusivamente em rublos no caso dos ‘países hostis’ – ou seja, os que decretaram sanções ilegais contra a Rússia. A medida veio como uma resposta não apenas às sanções anti-Rússia, mas também à decisão dos governos ocidentais de congelar ilegalmente os ativos do Banco Central Russo em moedas estrangeiras depositadas em seus países.