Em março deste ano o endividamento das famílias com o sistema financeiro chegou aos 58%, conforme indicador de endividamento do Banco Central (BC).
A massa salarial do brasileiro encolhe, no entanto, o mercado de crédito às famílias cresce a dois dígitos no acumulado de 12 meses. É o maior porcentual da série histórica, iniciada em janeiro de 2005.
As dificuldades da economia, elevadas a décima potência pela pandemia, deixou muitos e muitos orçamentos familiares no vermelho. Como consequência, a procura por crédito e o endividamento aumentaram.
O dado de endividamento no último período cresceu 8,6 pontos percentuais. Em março de 2020, o percentual estava em 49,4%. O nível de endividamento passou de 50% pela primeira vez em julho do ano passado.
O dado é na posição de março porque o indicador considera para seu cálculo a média móvel trimestral da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do IBGE, que impõe essa defasagem de três meses.
O governo Bolsonaro não tem resposta para essa situação. Não há como tirar o país do atoleiro em que se encontra com Guedes destruindo pilares da economia nacional com privatizações insanas endossadas pelo presidente.
No caso do endividamento, as taxas de juros mantêm-se extorsivas. O rotativo do cartão crédito e o cheque especial, para piorar, são as modalidades de crédito emergenciais mais acessadas em momentos de dificuldades.
O juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito foi uma taxa, em maio, de 329,6% ao ano. No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro de maio foi de 164,4% ao ano.
É mais do mesmo em doses “cavalares” que aprofunda as condições para um colapso a economia nacional.
Os níveis de endividamento são muito altos no Brasil. No nosso caso essa informação indica a baixa renda da grande maioria da população.
Então, além da baixa renda, as famílias são conduzidas a buscar crédito, principalmente junto aos bancos. É aí que são mais uma vez esfoladas.
A matemática financeira se encarregou de calibrar o pagamento mensal ao salário/renda do mês e, sem outra opção, as famílias compram com prazos enormes (24 x para comprar um liquidificador, por exemplo).
Digamos assim, “tudo” em nossa economia passa pelo pedágio do crédito com os juros mais caros do mundo.
Crédito pode ser bom se for com juros civilizados, mas o que o Brasil precisa mesmo é de salários e renda para ampliar e fortalecer o mercado interno.
O indicador de endividamento de 8,6 pontos percentuais de aumento em 12 meses, chegando ao recorde de 58% em março, está possivelmente agravado até este mês de junho. No contexto das condições leoninas dos empréstimos e do aumento do desemprego e queda na renda, temos uma combinação perigosa para aqueles que se viram na contingência de se socorrer com os bancos.
J.AMARO