
“A elevação da Selic traz riscos significativos à economia, que está em processo de desaceleração mais acentuado do que esperávamos no final de 2024”, afirma Ricardo Alban, presidente da entidade
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirma que, ao elevar novamente os juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) “impõe um fardo ainda mais pesado à economia, com consequências negativas para o emprego, a renda e o bem-estar da população”. A entidade criticou, em nota divulgada na noite desta quarta-feira (7), a decisão do Copom de elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 14,25% para 14,75% ao ano.
A CNI calcula que, com a Selic a 14,25%, a taxa de juros real (descontada a inflação) se encontra hoje em 8,8% ao ano. “Vale lembrar que o Brasil tem uma das maiores taxas de juros reais do mundo”, pontua também a entidade na nota, ao ressaltar que “os juros altos encarecem o crédito, desestimulam investimentos e dificultam o crescimento da economia”.
Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, “a elevação da Selic traz riscos significativos à economia, que está em processo de desaceleração mais acentuado do que esperávamos no final de 2024”.
A entidade prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai crescer 2,3% em 2025, que é 1,1 ponto percentual menor que o resultado do PIB do ano passado. Já a indústria cresceria 2%, o que também é abaixo da marca de 2024 (alta de 3,3%).
“Caso a estimativa se concretize, isso representaria o menor crescimento da economia nos últimos cinco anos e está diretamente relacionado à política monetária contracionista”, alerta Alban.
O representante da indústria também alerta para o aumento dos custos financeiros para as empresas e os riscos para as contas públicas.
Segundo a CNI, o encarecimento do crédito impacta diretamente os custos totais das empresas, contribuindo para a alta de preços.
“Associada ao spread bancário extremamente alto, a taxa de juros média nas operações com pessoas jurídicas saltou de 19,4% a.a., em dezembro de 2024, para 22,8% a.a., em março de 2025”, aponta a CNI.
Além disso, a entidade lembra que quando o Copom eleva o nível da Selic, ele está também elevando a dívida pública. “Estimativas do próprio Banco Central indicam que cada aumento de 1 ponto percentual na Selic eleva o custo da dívida bruta federal em cerca de R$ 50 bilhões. Essa dinâmica pode comprometer a sustentabilidade das contas públicas e contribuir, sob essa ótica, para instabilidade econômica”.