O Boletim Focus do Banco Central (BC) derrubou a expectativa de crescimento da economia do país, passando a prever – nesta que é a sétima revisão consecutiva para baixo – um PIB (Produto Interno Bruto) negativo em 2020.
A previsão, em uma semana, passou de crescimento de 1,48% para queda de -0,48%. Diante do cenário de recessão consumado pelo avanço da pandemia do coronavírus e a resistência do governo em oferecer amparo aos setores produtivos e aos trabalhadores, diversas instituições individualmente passaram a revisar suas expectativas de atividade econômica.
O Itáu Unibanco cortou a sua projeção de alta de 1,8% para queda de -0,7%. O Asa Bank, dos Safra, está mais pessimista e derrubou a sua projeção de estabilidade para queda de -3%. O JP Morgan projeta “profunda recessão”, com queda de -1%, e o Goldman Sachs, de -0,9%.
Dos institutos de economia, a Fundação Getúlio Vargas preparou um estudo que estima, no cenário mais pessimista, queda de -4,4% na atividade econômica do país.
É unânime – inclusive entre algumas instituições financeiras – que se o governo não tomar medidas que socorram o setor produtivo e garantam emprego e renda aos trabalhadores, o estrago não será produto apenas da pandemia. A facilitação de crédito, anunciada como grande medida econômica pelo governo na semana passada, é um grão de areia perto dos esforços que outras economias do mundo estão aportando. E, de acordo com economistas, podem endividar as empresas em um futuro próximo – ainda mais quando a taxa básica de juros do país permanece a 3,75% ao ano.
“Comparado com o que outros países estão fazendo que está se aproximando de 20% do PIB, o pacote brasileiro é absolutamente insuficiente”, afirma o economista Manoel Pires, da FGV. Os cálculos que excluem antecipações e empréstimos anunciados pelo governo no seu pacote anticrise apuram que os gastos do governo brasileiro estão em torno de 2% do PIB.