O mercado financeiro reduziu pela quinta vez consecutiva a estimativa de crescimento da economia do país em 2021. Divulgado nesta segunda-feira (5), o boletim Focus do Banco Central (BC), que reúne as estimativas de representantes do mercado aponta para crescimento de 3,17% do Produto Interno Bruto (PIB), ante a perspectiva de avanço de 3,18% na semana passada. Apesar da estimativa de crescimento considerar uma base de comparação deprimida no ano passado, não recupera nem mesmo as perdas de 2020, quando o PIB do país despencou 4,1%.
Com o recrudescimento da pandemia, a sabotagem do governo à compra de vacinas e uma forte queda na demanda – já que o desemprego continua a níveis alarmantes e a renda emergencial chega reduzida e atrasada – , o mercado começa a alinhar as expectativas à realidade. Este ano será mais um ano de grave crise, com consequências que devem se estender para 2022: o PIB esperado para o ano que vem também foi revisado de 2,34% para 2,33%.
Inflação e juros
Por 12 semanas consecutivas o Focus elevou as projeções para a inflação este ano. Nesta edição do boletim, os representantes do mercado mantiveram as expectativas em 4,81% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), estourando o teto da meta estipulada pelo governo central.
Por fim, os economistas consultados pelo BC estimam ainda que a taxa básica de juros encerre dezembro em 5% ao ano, subindo para 6% até o fim de 2022. Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu elevar a Selic em 0,75 ponto percentual, de 2%, para 2,75% ao ano, um aumento de quase 40% – decisão criticada para um momento de grave crise.
Mesmo diante da recessão, os analistas do mercado financeiro continuam pressionando por novo aumento na taxa básica de juros, no velho e conhecido círculo vicioso, aumentando a projeção de inflação para justificar um novo aumento do juro. Tudo para garantir o ganho dos bancos com o aval do Banco Central.