“Essa blindagem que foi dada ao BC, chamada autonomia, cria mecanismos que permitem que o capital financeiro imponha uma política monetária que não se sustenta”, comentou o deputado federal do PCdoB
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou ao HP que o Banco Central continua “sabotando a economia” com a taxa básica de juros (Selic) excessivamente alta, apesar de duas pequenas reduções, e defendeu que o investimento público deve ser a base para o crescimento econômico no governo Lula.
Na quarta-feira (20), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reuniu e decidiu diminuir 0,5 ponto percentual a taxa de juros, que passou de 13,25% para 12,75%. O Brasil ainda tem a segunda maior taxa de juros reais do mundo.
Para Orlando Silva, “o Banco Central sabota a economia do Brasil. Nada justifica a taxa de juros que o Brasil tem. Creio que o nosso desafio é avançar”.
“Essa blindagem que foi dada ao BC, chamada autonomia, cria mecanismos que permitem que o capital financeiro imponha uma política monetária que não se sustenta”, continuou.
“Para retomar o projeto nacional de desenvolvimento, é necessário resgatar o papel do Estado, resgatar a capacidade de investimento público, pensar os caminhos do desenvolvimento e garantir direitos para a nossa gente”, afirmou o deputado federal.
Na manhã deste sábado (23), Orlando realizou uma plenária de seu mandato em São Paulo. O evento reuniu cerca de 430 pessoas de 27 municípios paulistas.
O parlamentar comentou que “o Brasil vive um momento diferente de reconstrução, união e fortalecimento da democracia. Isso exige mobilização e organização popular para que possamos fazer a disputa do governo. O rumo do governo está em disputa”.
A deputada estadual Leci Brandão (PCdoB), vereadores de diversos municípios, lideranças sindicais e representantes de movimentos sociais estiveram na plenária.
Orlando Silva argumentou, em entrevista à Hora do Povo, que todos os golpistas envolvidos no atentado do dia 8 de janeiro, seja na articulação, financiamento ou execução, devem ser condenados e presos.
“Espero que haja a punição exemplar de quem participou do quebra-quebra, quem financiou e quem articulou”, disse.
O parlamentar destacou que a colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que era chefe da Ajudância de Ordens de Jair Bolsonaro, “mostra que o próprio Bolsonaro atuou no sentido de tentar um golpe”.
Depoimento de Cid à PF demonstra que Jair Bolsonaro se reuniu com os chefes das Forças Armadas para pedir apoio para um golpe de Estado e foi barrado pelo então comandante do Exército, general Freire Gomes.
General Freire Gomes disse a Bolsonaro que “se o senhor for em frente com isso, serei obrigado a prendê-lo”. Somente o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, tinha aceitado o plano de Bolsonaro, enquanto o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Batista, ficou calado.
“A punição deve ser exemplar aos golpistas e incluir os líderes políticos e financiadores”, disse o parlamentar do PCdoB.
P. B.