Diretores indicados por Lula se aliam aos nomes de Campos Neto e, por unanimidade, decidem estrangular a economia do país
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu por unanimidade, nesta quarta-feira (29), aumentar o nível da Selic (taxa de juros básica) em mais 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano. O Copom também prometeu aos bancos um novo aumento na Selic, da mesma magnitude de 1 ponto, na próxima reunião.
Esse é o quarto aumento consecutivo da taxa nominal de juros, desde setembro de 2024, época em que a Selic estava em 10,50% ao ano.
Foi a primeira reunião do Copom em 2025 e, pela primeira vez, com a maioria da diretoria e com o presidente do BC indicados pela área econômica do governo Lula.
O comunicado divulgado na noite desta quarta deixa claro que o objetivo do BC colocar a economia em recessão em 2025 sob o pretexto de conter uma inflação que não está sendo pressionada pela demanda interna, mas pela especulação internacional de preços de commodities agrícolas e do dólar – que não podem ser afetados pela política monetária brasileira.
Mas o presidente do BC, Gabriel Galípolo, e demais diretores consideram que a “resiliência” na atividade econômica “exige uma política monetária mais contracionista”.
“O conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo”, afirma o colegiado de diretores do BC, no documento.
Com a Selic em 13,25% ao ano, o Brasil subiu para a segunda colocação do ranking mundial dos maiores pagadores de juros reais do mundo, segundo site MoneYou.
Quando descontada a inflação para os próximos 12 meses da taxa Selic, a taxa de juros reais brasileira chega a 9,18% ao ano, perdendo apenas para a taxa da Argentina, que sob o desgoverno de Javier Milei, encontra-se em 9,36%.
Quanto mais a taxa de juros real sobe, maiores são os ganhos dos banqueiros. Por outra via, o setor produtivo passa a investir menos ou nada em novos projetos, na produção, nas contratações de novos trabalhadores.
Para as empresas que estão em crise financeira, um ambiente de juros altos impossibilita a negociação de dívidas a juros mais baratos – o que abre caminho para as demissões em massa, conforme o receituário de redução de custos.
É “a crônica de uma morte anunciada”, alerta a Confederação Nacional da Indústria (CNI), ao afirmar que o aumento dos juros traz efeitos negativos sobre a criação de emprego e renda.
“Insistir no aumento da Selic faz com que o setor industrial adie investimentos essenciais, voltados à modernização ou expansão da sua matriz de produção, deixando de melhorar sua produtividade e desperdiçando oportunidades de contribuir com o crescimento do país”, diz a nota da entidade.
Asfixiada pelos juros altos, a economia do país derrete, com poucas possibilidades de reação, já que os investimentos pelo Estado brasileiro estão sendo restringidos por regras fiscais extremamente rígidas – criadas, na prática, para garantir o pagamento dos juros e demais serviços da dívida pública.
O aumento da taxa de juros também custa caro aos cofres públicos. A cada 1 ponto percentual acrescido à Selic, o custo da dívida bruta federal sobe em R$ 50 bilhões, no intervalo de 12 meses, segundo estimativas do próprio BC.
No acumulado de 12 meses até novembro de 2024, o pagamento dos juros pelo setor público (Governo Central, Estados/municípios e estatais) atingiu R$ 918 bilhões – isso é dinheiro tirado de toda a sociedade e transferido – via juros – aos banqueiros.