Brasil tem a segunda maior taxa de juros reais (descontada a inflação) do mundo
A deputada Jandira Feghali (RJ), líder da bancada do PCdoB, denunciou nas redes sociais que o Banco Central mantém os juros altos, com reduções “a conta-gotas”, para “beneficiar os rentistas da Faria Lima”.
Na quarta-feira (13), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu reduzir em apenas 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros, fixando-a em 11,75%. Com isso, o Brasil ainda tem a segunda maior taxa de juros reais (descontada a inflação) do mundo.
A parlamentar ressaltou no X (antigo Twitter) que “um ponto percentual a menos de juros na taxa Selic representa R$ 40 bilhões a menos no orçamento do governo”. “Apesar disso, o Banco Central segue reduzindo juros a conta-gotas para beneficiar os rentistas da Faria Lima”.
“São os investimentos diretos e indiretos do Estado que garantem o desenvolvimento do país”. “Mas o mercado, particularmente o financeiro, nunca ficará satisfeito com decisões que não correspondam à sua lucratividade e ganância”, completou.
A política de juros de Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro para presidir o BC, prejudica o investimento público, uma vez que o orçamento do país fica direcionado para o pagamento dos juros.
Para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o “Banco Central de Roberto Campos Neto termina o ano como começou: impondo ao país as maiores taxas de juros do planeta, atrasando a retomada do crédito, do investimento e do crescimento do país. Nada justifica que o Copom tenha demorado tanto para começar a reduzir os juros e que o faça num ritmo de conta-gotas”.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse, em nota, “mesmo com as reduções na Selic em agosto, setembro e novembro, a taxa de juros real – que desconsidera os efeitos da inflação – está em 8% ao ano. Ou seja, 3,5 pontos percentuais acima da taxa de juros neutra, que não estimula nem desestimula a atividade econômica”.
“É preciso – e possível – mais agressividade para que ocorra uma redução mais significativa do custo financeiro suportado por empresas e consumidores”, destacou o presidente da CNI, Ricardo Alban.
A taxa de juros real em 8% ao ano “deixa claro o quão contracionista tem sido a política monetária brasileira e que o patamar da Selic ainda é excessivo para o quadro de inflação corrente, assim como para a perspectiva de inflação futura, prejudicando o mercado de crédito e a atividade econômica”.
No acumulado de outubro de 2022 até o mesmo mês em 2023, o pagamento para juros atingiu R$ 720,1 bilhões, o que corresponde a quase 7% do PIB do país.