
Volume de serviços cresce 0,3% em julho, “com sinais de desaceleração em segmentos sensíveis aos juros”, alerta CNC
O setor de serviços variou 0,3% em julho frente a junho, quando fechou em 0,4%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor “reduziu o ritmo de crescimento” no início do terceiro trimestre. O acumulado no ano foi de 2,6%, e o acumulado em 12 meses em julho de 2025 (2,9%) reduziu o ritmo de crescimento frente ao observado em junho de 2025 (3,0%).
Ainda que tenha registrado resultado positivo, e pelo sexto mês seguido, após a queda em janeiro (-0,4%) e o pico de (+0,8%) em fevereiro, desde então, o setor com o maior peso no Produto Interno Bruto, mantém crescimento moderado: março (0,4%), abril (0,4%), maio (0,2%), junho (0,4%) e julho (0,3%).
O setor, que incluiu transportes, turismo, tecnologia de informação, bares e restaurantes e salão de beleza, segue “resiliente” ao aperto monetário imposto pelo Banco Central, que atinge em cheio a indústria e o comércio.
Se para alguns segmentos do setor de serviços os efeitos dos juros ainda não se manifestaram tão maléficos, pesaram para os transportes e o turismo, como alertou o presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), José Roberto Tadros.
“Embora o setor de serviços esteja em alta, nossa preocupação é com os sinais de desaceleração em alguns segmentos sensíveis aos juros, como transportes e turismo. Esses movimentos indicam que, para manter a trajetória de crescimento, será necessário garantir um ambiente econômico mais estável e previsível”, declarou Tadros ao avaliar o resultado da pesquisa.
A CNC alertou também para o estrago causado pelas atuais taxas de juros no comércio varejista, Para a entidade, “equiparável à crise do apagão e à recessão de 2015”.
De acordo com o IBGE, em julho, sob os juros elevados, o comércio varejista caiu pelo quarto mês consecutivo (-0,3%), assim como também caiu a produção industrial brasileira (-0,2%), pelo quarto mês seguido.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), é necessário reduzir logo a taxa de juros, hoje em 15% ao ano, com os juros reais em 10%, os maiores do planeta. “A maior trava ao desenvolvimento econômico, à manutenção de emprego e ao aumento da renda”, afirmou Ricardo Alban, presidente da entidade.
Segundo o IBGE, no mês de julho houve crescimento em três das cinco atividades investigadas, com destaque para o setor de informação e comunicação (1%), serviços profissionais, administrativos e complementares (0,4%) e dos serviços prestados às famílias (0,3%).
Em contrapartida, houve retração no setor de transportes (-0,6%), eliminando parte do ganho de junho (1,6%), e atividades turísticas (-0,7%) apesar de julho ser mês de férias- com impacto vindo especialmente da queda de volume de transporte aéreo de passageiros por conta dos altos preços das passagens, acumulando em dois meses perda de 1,7%.
Regionalmente, houve crescimento em 12 das 27 unidades da federação, com os maiores impactos positivos vindo de São Paulo (1,7%), Paraná (1,7%), Mato Grosso do Sul (5,7%), Santa Catarina (0,9%) e Rondônia (10,9%).