Vendas da indústria de máquinas e equipamentos desabaram 12,1% em junho, diz Abimaq
Na coletiva de imprensa que divulgou resultados devastadores sobre a indústria de bens de capitais, o diretor da Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos), Mario Bernardini, afirmou que sem a retomada do investimento público e recuperação do emprego, o Brasil não crescerá. Na ocasião, a entidade apresentou um balanço que aponta queda de -12,1% nas vendas de máquinas e equipamentos em junho ante o mesmo período do ano passado, e de -6,1% apenas na passagem de maio para junho.
“O crescimento econômico e retomada do crescimento é prioridade número um desse país, mais do que as reformas. O que tem que fazer a curto prazo é recuperar os investimentos”, disse Bernardini, retorquindo as afirmações do governo de que o Brasil retomaria o crescimento com a aprovação de reformas, como a da Previdência, ou flexibilizando regras trabalhistas.
“O Brasil não pode se dar ao luxo de ficar mais dois anos nessa situação de desemprego elevado. Minha posição pessoal é que o governo deixe de lado a ideologia [de ser liberal] e que tome medidas para retomar os investimentos públicos”, disse.
“A equipe econômica, liberal, acredita que estado não deve investir na economia. Mas, neste momento, acho que eles deveriam abrir uma exceção porque o Brasil precisa de retomada do crescimento no curto prazo”, opinou.
A aquisição de máquinas e equipamentos está intimamente relacionada com o investimento, já que fornece maquinário para a indústria num geral. Sem demanda, a base da Abimaq logo sente o reflexo da crise.
A taxa de investimento no Brasil atingiu, no primeiro trimestre de 2019, o nível mais baixo dos últimos 50 anos. O volume de investimentos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 15,8% no último trimestre do ano passado para 15,5% nos primeiros três meses de 2019. A fatia pública da chamada formação bruta de capital fixo (FBCF) que, historicamente, funciona como propulsora do investimento privado e, por consequência, do crescimento da economia, está hoje em apenas 2,43%.
Para se ter uma ideia do quão deprimida é essa participação, na década de 70 o investimento público representava mais de 40% da taxa geral de investimento.
PRISCILA CASALE