Míssil ‘Oreshnik’, que atingiu instalação militar em Dnepropetrovsk, viajou a uma velocidade de 10 vezes a do som, supera as defesas instaladas na Ucrânia
“Nossas forças lançaram um míssil balístico de alcance intermediário de última geração contra um alvo ucraniano”, declarou o presidente da Rússia Vladimir Putin em discurso público na quinta-feira (21), dois dias depois de ataque com mísseis de fabricação norte-americana ATAMCS contra território internacionalmente reconhecido da Rússia, autorizado pelo governo cessante de Joe Biden, e de ataque análogo com mísseis britânicos Storm Shadow.
“O ataque foi uma resposta aos ataques ucranianos a instalações militares localizadas em território russo reconhecido internacionalmente”, afirmou Putin, que esclareceu que se tratava de um novo míssil hipersônico ‘Oreshnik’, contra um alvo militar em Dnepropetrovsk.
“As forças de Kiev lançaram os ataques na terça e quinta-feira, usando sistemas ATACMS e HIMARS fabricados nos EUA, bem como mísseis Storm Shadow fabricados na Grã-Bretanha”, disse ele.
Putin advertiu sobre a escalada, destacando que “os peritos estão bem cientes, e o lado russo tem sublinhado repetidamente, que a utilização de tais armas não é possível sem o envolvimento direto de peritos militares dos países produtores destes armamentos”.
Ele pontuou que “em 19 de novembro, seis mísseis balísticos táticos ATACMS produzidos pelos Estados Unidos, e em 21 de novembro, durante um ataque combinado de mísseis envolvendo sistemas britânicos Storm Shadow e sistemas HIMARS produzidos pelos EUA, atacaram instalações militares dentro da Federação Russa em Bryansk e Kursk”.
“A partir daí, como sublinhamos repetidamente em comunicações anteriores, o conflito regional na Ucrânia provocado pelo Ocidente assumiu elementos de natureza global”, reiterou Putin, ecoando alertas que Moscou vem fazendo desde setembro, quando surgiram os rumores de que Biden decretaria a escalada da guerra por procuração da Otan contra a Rússia na Ucrânia.
Putin informou que os sistemas de defesa aérea russos neutralizaram com sucesso estas incursões, impedindo o inimigo de alcançar os seus objetivos aparentes.
Putin destacou que todos os ataques com estes modelos de mísseis serão precedidos de avisos para que os moradores da região vizinha à explosão possam se afastar ou procurar abrigo.
Segundo ele, é possível dar esses avisos sem prejuízo do objetivo planejado a ser atingido, uma vez que um míssil balístico viajando entre 2,5 e 3 quilômetros por segundo, ou 10 vezes mais rápido que a velocidade do som, “não pode ser combatido por nenhum sistema de defesa aérea existente”.
A escalada de Washington e seus satélites de sua guerra na Ucrânia é ainda mais acintosa por ser perpetrada por um presidente que está a 60 dias de entregar as chaves da Casa Branca e cujo partido foi fragorosamente derrotado nas eleições, tendo perdido a presidência, o Senado e a Câmara – e quando o eleito, seja isso verdade ou não, alega que irá “terminar a guerra antes da posse”.
E ainda mais preocupante, na medida em que ninguém sabe bem quem é que está no comando em Washington. Biden tem manifestado sintomas de desorientação, confusão mental e tropeções nas escadas dos aviões e os maníacos de guerra – e de lucros com a guerra – do Estado Profundo e do complexo industrial-militar norte-americano parecem andar fora da casinha diante do colapso de seu mundo unipolar e da ascensão da Maioria Global.
A mídia imperial e suas mariposas se esforçam para inverter a situação e acusar a Rússia pela escalada. Como se fosse a Rússia que tivesse disparado um míssil de sua fabricação desde algum país centro-americano, contra alvos em território norte-americano, e não o contrário.
A escalada de Biden foi, ainda, “anunciada” da forma mais covarde, via um “vazamento” através do New York Times, logo confirmado pelos fatos.
O próprio jornal admitia que o ataque não teria qualquer efeito real sobre o curso da luta na Ucrânia, onde o regime neonazista instalado por um golpe da CIA em 2014 se encontra nas cordas.
E ainda mais insano ao cutucar com vara curta uma potência nuclear do porte da Rússia, o que seria impensável mesmo na Guerra Fria, quando o Dr. Strangelove permaneceu como ficção e humor negro.
Em setembro, Putin foi claro ao dizer que, como tais mísseis norte-americanos (ou equivalentes europeus) só poderiam ser disparados por pessoal da Otan, com dados da Otan, imagens de satélites da Otan e alvos fornecidos pela Otan, o que estava em curso desde Washington era passar de uma guerra por procuração para uma participação direta no conflito.
O que seria tratado de acordo com tal ameaça. A Rússia atualizou, inclusive, sua doutrina de guerra nuclear, para não dar margem a dúvidas a celerado nenhum do outro lado do Atlântico ou do canal da Mancha.
Zelensky tentou promover a paranoia, alegando que o ataque russo fora com um ICBM, um míssil “intercontinental”. Mas foi desmentido: era um míssil menor, mas potente e hipersônico.
O primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, distanciou-se da insanidade de Biden, se recusando a autorizar o uso de mísseis avançados Taurus alemães contra território internacionalmente reconhecido russo, e inclusive, pela primeira vez desde 2022, telefonou para Putin.
E note-se que, antes, ele permitira que tanques alemães, pela primeira vez desde o tempo de Hitler violando território russo, fossem usados na provocação inútil contra Kursk. A Itália também se distanciou da provocação, reafirmando que as armas que forneceu ao regime de Kiev não podem ser usadas dentro da Rússia.
Veja o discurso de Vladimir Putin na íntegra:
“Gostaria de informar, diante dos acontecimentos recentes, aos cidadãos do nosso país, aos nossos amigos em todo o mundo e àqueles que persistem na ilusão de que uma derrota estratégica pode ser infligida à Rússia, da reação que os militares das Forças Armadas da Federação Russa perfazem na zona da operação militar especial, especificamente na sequência dos ataques de armas ocidentais de longo alcance contra o nosso território.
A escalada do conflito na Ucrânia, instigada pelo Ocidente, continua com os Estados Unidos e os seus aliados da Otan a anunciarem previamente que autorizam a utilização das suas armas de longo alcance e alta precisão para ataques dentro da Federação Russa. Os peritos estão bem cientes, e o lado russo tem sublinhado repetidamente, que a utilização de tais armas não é possível sem o envolvimento direto de peritos militares dos países produtores destes armamentos.
Em 19 de novembro, seis mísseis balísticos táticos ATACMS produzidos pelos Estados Unidos, e em 21 de novembro, durante um ataque combinado de mísseis envolvendo sistemas britânicos Storm Shadow e sistemas HIMARS produzidos pelos EUA, atacaram instalações militares dentro da Federação Russa em Bryansk e Kursk.
A partir daí, como sublinhamos repetidamente em comunicações anteriores, o conflito regional na Ucrânia provocado pelo Ocidente assumiu elementos de natureza global. Os nossos sistemas de defesa aérea neutralizaram com sucesso estas incursões, impedindo o inimigo de alcançar os seus objetivos aparentes.
O incêndio no depósito de munições na região de Bryansk, causado pelos destroços dos mísseis ATACMS, foi extinto sem vítimas ou danos significativos. Na região de Kursk, o ataque teve como alvo um dos postos de comando do nosso grupo Norte. Lamentavelmente, o ataque e a subsequente batalha de defesa aérea resultaram em baixas, tanto mortos como feridos, entre as unidades de segurança perimetral e o pessoal de manutenção.
No entanto, o comando e o pessoal operacional do centro de controlo não sofreram baixas e continuam a gerir eficazmente as operações das nossas forças para eliminar e expulsar as unidades inimigas da região de Kursk.
Desejo ressaltar mais uma vez que o uso de tais armas pelo inimigo não pode afetar o curso das operações de combate na zona de operações militares especiais. As nossas forças fazem avanços bem-sucedidos ao longo de toda a linha de contato e todos os objetivos que estabelecemos serão alcançados.
Em resposta ao disparo de armas de longo alcance americanas e britânicas, em 21 de novembro, as Forças Armadas Russas desferiram um ataque combinado contra uma instalação dentro do complexo industrial de defesa da Ucrânia. Em condições de campo, também realizamos testes de um dos mais recentes sistemas de mísseis de médio alcance da Rússia – neste caso, transportando um míssil balístico hipersônico não nuclear que os nossos engenheiros chamaram de ‘Oreshnik’.
Os testes foram bem-sucedidos, atingindo o objetivo pretendido no lançamento. Na cidade de Dnepropetrovsk, na Ucrânia, foi atingido um dos maiores e mais famosos complexos industriais da era da União Soviética, que continua produzindo mísseis e outros armamentos.
Estamos desenvolvendo mísseis de alcance intermédio e de curto alcance em resposta aos planos dos EUA de produzir e instalar mísseis de alcance intermédio e de curto alcance na Europa e na região Ásia-Pacífico. Acreditamos que os Estados Unidos cometeram um erro ao destruir unilateralmente o Tratado INF em 2019 [que trata do banimento de mísseis de médio alcance na Europa] sob um pretexto rebuscado. Hoje, os Estados Unidos não estão apenas produzindo esse tipo de equipamento, mas, como podemos ver, desenvolveram formas de implantar os seus avançados sistemas de mísseis em diferentes regiões do mundo, incluindo a Europa, durante exercícios de treino das suas tropas. Além disso, no decorrer desses exercícios, eles realizam treinamento para utilizá-los.
Recorde-se que a Rússia comprometeu-se voluntária e unilateralmente a não instalar mísseis de alcance intermédio e de curto alcance até que armas deste tipo dos EUA apareçam em qualquer região do mundo.
Para reiterar, estamos realizando testes de combate do sistema de mísseis Oreshnik em resposta às ações agressivas da OTAN contra a Rússia. A nossa decisão sobre a futura implantação de mísseis de alcance intermédio e de curto alcance dependerá das ações dos Estados Unidos e dos seus satélites.
Determinaremos os alvos durante novos testes dos nossos sistemas avançados de mísseis com base nas ameaças à segurança da Federação Russa. Consideramo-nos no direito de usar as nossas armas contra instalações militares dos países que permitem o uso das suas armas contra as nossas instalações e, no caso de uma escalada de ações agressivas, responderemos de forma decisiva e espelhada. Recomendo que as elites dirigentes dos países que estão traçando planos para usar os seus contingentes militares contra a Rússia considerem seriamente isto.
Escusado será dizer que ao escolher, se necessário e como medida de retaliação, alvos a serem atingidos por sistemas como o Oreshnik em território ucraniano, iremos sugerir antecipadamente que os civis e cidadãos de países amigos residentes nessas áreas deixem as zonas de perigo. Fá-lo-emos por razões humanitárias, aberta e publicamente, sem receio de contra-ataques vindos do inimigo, que também receberá esta informação.
Por que sem medo? Porque não há meios de combater tais armas hoje. Os mísseis atacam alvos a uma velocidade de Mach 10, que é de 2,5 a 3 quilômetros por segundo. Os sistemas de defesa aérea atualmente disponíveis no mundo e os sistemas de defesa antimísseis que estão sendo criados pelos norte-americanos na Europa não podem interceptar tais mísseis. É impossível”.