A Casa Branca, “quer que a Rússia invada a Ucrânia” para justificar a imposição de sanções “draconianas” contra Moscou e beneficiar o complexo militar-industrial dos EUA, afirmou Tulsi Gabbard, ex-deputada federal dos EUA (2013 – 2021) e que já ocupou o cargo de vice-presidente do Partido Democrata
A ex-deputada Tulsi Gabbard, democrata sempre posicionada contra as guerras e as intervenções de Washington para subverter governos de outros países, declarou à Fox News, na sexta-feira (11), que Biden poderia evitar um conflito, garantindo que a Ucrânia nunca ingressará na OTAN e que assim a possibilidade da instalação de mísseis a quatro minutos de distância de Moscou seria preservada.
“O presidente poderia acabar com esta crise e evitar uma guerra com a Rússia fazendo algo muito simples”, assinalou. “Garantir que a Ucrânia não se torne membro da OTAN, porque se a Ucrânia se tornar membro da OTAN, isso colocaria as tropas dos EUA e da OTAN bem nas portas da Rússia, o que, como expôs [o presidente russo Vladimir] Putin, prejudicaria seus interesses de segurança nacional”, sublinhou.
Na opinião da ex-deputada, é “muito improvável” que Kiev se torne membro da Aliança Atlântica. “Então a questão é: por que o presidente Biden e os líderes da OTAN não dizem isso e o garantem?”, perguntou. “Realmente, isso apenas aponta para a única conclusão que posso ver, que é que eles realmente querem que a Rússia invada a Ucrânia”, constatou.
“COMPLEXO MILITAR-INDUSTRIAL DOS EUA É O BENEFICIADO”
Primeiro, um conflito “daria ao governo Biden uma desculpa clara para impor sanções draconianas, que são um assedio moderno contra a Rússia e o povo russo”, disse Gabbard. “E em segundo lugar, cimenta esta Guerra Fria. O complexo militar-industrial é quem se beneficia disso”, continuou.
Ela observou que o complexo militar-industrial é “claramente” controlado pelo governo Biden e “belicistas de ambos os bandos em Washington alimentaram essas tensões”. “Se eles conseguirem que a Rússia invada a Ucrânia, mais uma vez, o país se fecha nesta nova Guerra Fria”, explicou.
Gabbard argumentou que o complexo militar-industrial dos EUA ganharia “muito mais dinheiro do que ganhou lutando contra a Al Qaeda ou fabricando armas para a Al Qaeda”. “E quem paga o preço? O povo norte-americano paga o preço, o povo ucraniano paga o preço, o povo russo paga o preço. Isso mina nossa própria segurança nacional, mas o complexo militar-industrial que controla tantos de nossos políticos ganha, e eles correm para o banco”, concluiu.
A incitação da Casa Branca através de afirmações sobre uma possível invasão russa da Ucrânia vem se intensificando desde novembro passado, quando vários meios de comunicação divulgaram supostos planos para realizar tal operação. Por sua vez, Moscou rejeita determinadamente essas acusações e garante que a Aliança Atlântica é que está militarizando seu país vizinho.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse neste sábado a Biden que Moscou não entende por que os EUA estão fornecendo à mídia informações deliberadamente falsas sobre supostos planos russos de ‘invadir’ a Ucrânia, como informou o assessor presidencial Yuri Ushakov.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou nesta sexta-feira que “um ataque midiático coordenado” está sendo realizado contra Moscou para “minar e desacreditar as justas demandas da Rússia por garantias de segurança, bem como para justificar as aspirações geopolíticas ocidentais e o desenvolvimento militar do território ucraniano”. O Ministério destacou que se pode “falar de uma conspiração das autoridades ocidentais e da mídia para criar uma tensão artificial em torno da Ucrânia por meio do plantio maciço e coordenado de informações falsas para interesses geopolíticos, em particular para desviar a atenção de suas próprias ações agressivas”, informou a agência de notícias Russia Today (RT).
Por seu lado, o ministro de Defesa russo, Sergei Shoigu, reafirmou durante uma reunião com o seu homólogo britânico, Ben Wallace, na sexta-feira última, que o aumento da tensão na região “nem remotamente” é culpa da Rússia.