“Peço a Deus que isso ajude”, afirmou o chefe da Casa Branca, sobre a morte de Navalny. “Precisamos continuar a financiar a Ucrânia para que ela possa se defender”, apontou
O presidente dos Estados Unidos, o ‘democrata’ Joe Biden, afirmou, nesta segunda-feira (19), que a morte do ativista pró-OTAN Alexei Navalny poderá ajudar na liberação dos US$ 60 bilhões que ele insiste em enviar para os grupamentos nazistas ucranianos que lutam há quase dois anos contra a Rússia. O pacote está preso na Câmara dos Deputados fruto da oposição dos republicanos.
“Peço a Deus que isso ajude. Mas quero dizer, precisamos de mais coisa para obter ajuda à Ucrânia”, disse Biden. “Precisamos continuar a financiar a Ucrânia para que a Ucrânia possa se defender”, acrescentou. “Esta tragédia [a morte de Navalny] nos lembra o quão alto são os riscos no momento”, destacou Biden. Além dos US$ 60 bilhões para a Ucrânia, ele quer também mandar US$ 20 bilhões para alimentar o genocídio de Israel em Gaza.
O esforço de Biden em tentar socorrer a Ucrânia tem uma motivação. As forças da Federação Russa seguem avançando celeremente no campo de batalha desde a fracassada contraofensiva ucraniana do ano passado. Os russos acabam de libertar a estratégica cidade de Avdiivka, localizada no subúrbio de Donetsk. Esta cidade estava em poder dos nazistas ucranianos desde 2014 e servia de plataforma para bombardeios quase diários contra a população civil do Donetsk.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, ao comentar as declarações dos líderes ocidentais, as chamou de “autoreveladoras”. “A reação imediata dos líderes da Otan à morte de Navalny na forma de acusações diretas contra a Rússia é reveladora”, disse ela. “Ainda não há exame forense, mas as conclusões do Ocidente já estão prontas”, denunciou a porta-voz. Ela afirma que apenas 15 minutos após as primeiras informações sobre o ocorrido com Alexei Navalny, as reações se deram. Por isso ela as classificou de “autoreveladoras”.
O secretário de imprensa do presidente da Federação Russa, Dmitry Peskov também se manifestou sobre a reação frenética, rápida e orquestrada do ocidente em relação à morte de Navalny, o principal ativista pró-OTAN dentro da Rússia. “Não há informações sobre a causa da morte. E há tais afirmações. Obviamente, são [declarações] absolutamente raivosas e inaceitáveis” sublinhou Peskov, comentando as acusações do Ocidente contra a Federação Russa, segundo a agência TASS.
O representante do Kremlin apontou que, até agora, não há informações de médicos e dos peritos forenses. “Não há informações finais do Serviço Penitenciário Federal”, lembrou. Em resposta a uma pergunta se o Kremlin reagiria a essa situação, Peskov disse: “O Serviço Penitenciário Federal está reagindo”. “Dissemos tudo, foi relatado ao presidente, então o Serviço Penitenciário Federal está fazendo tudo o que precisa ser feito”, concluiu o representante do Kremlin.
ORQUESTRAÇÃO
A orquestração do Ocidente coletivo foi imediata e, como classificou o Kremlin, frenética. O desgastado chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que, após o incidente, “a Rússia não é mais uma democracia”: “O senhor Navalny morreu em uma prisão russa. É algo aterrorizante. Nos conhecemos em Berlim, quando a Alemanha tentava ajudá-lo após seu envenenamento. Mostrou coragem quando regressou a Moscou. E por essa coragem ele pode agora ter pago com a vida”.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, pau-mandado dos EUA, exigiu que Moscou responda “a todas as perguntas sérias sobre as circunstâncias de sua morte”. A ex-chanceler alemã Angela Merkel, que confessou a farsa no Acordo de Minsk, disse que a notícia da morte de Navalny a deixou entorpecida: “A notícia da morte de Alexei Navalny me deixou entorpecido. Ele foi vítima do poder estatal repressivo da Rússia. É terrível que uma voz corajosa e destemida que defendeu seu país tenha sido silenciada por métodos terríveis.”
A ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock uma da figuras mais reacionárias do país, disse que “como nenhum outro, Alexei Navalny foi um símbolo de uma Rússia livre e democrática. Foi por isso que ele morreu”. O presidente francês Emmanuel Macron ressuscitou o gulag. Disse que “na Rússia de hoje, pessoas de espírito livre são enviadas para o Gulag e condenadas à morte. Isso causa raiva e ressentimento. Presto homenagem à memória de Alexei Navalny, à sua dedicação, à sua coragem. Meus pensamentos vão para sua família, entes queridos e o povo russo”.
O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte disse que está “profundamente triste com a notícia da morte do líder da oposição russa Alexei Navalny”. “Isso demonstra a brutalidade sem precedentes do regime russo. Navalny lutou pelos valores democráticos e contra a corrupção. Teve de pagar a sua luta à custa da própria vida, nas condições mais duras e desumanas”, afirmou.