Hala Rharrit, que atuou na Secretaria de Estado dos EUA, renunciou ao cargo diante do continuado fornecimento de bilhões de dólares em armas para o genocídio cometido por Israel durante 15 meses. Agora que o cessar-fogo foi assinado ela denuncia a cumplicidade estadunidense com os crimes de Netanyahu
“O criminoso apoio às atrocidades em Gaza perseguirá Blinken e Biden para toda a vida”, diz a ex-diplomata norte-americana dos EUA.
Agora que o cessar-fogo foi ratificado, é a hora dos membros do governo norte-americano serem chamados a prestar contas por terem garantido o fluxo de armas a Israel, apesar dos abusos dos direitos humanos em Gaza, afirmou a ex-diplomata que, após arguir Blinken e Biden pela continuação do envio de armas aos genocidas encabeçados por Netanyahu, renunciou ao cargo de diplomata na Secretaria de Estado em abril do ano passado.
“Biden passou por cima de normas do próprio EUA ao continuar armando Israel apesar dos fartamente documentados abusos dos direitos humanos em Gaza”, declarou Hala Rharrit em entrevista ao jornal Al Jazeera.
“Biden e Blinken passaram, conscientemente, por cima das leis dos Estados Unidos”, enfatizou Rharrit.
“Quando eu me tornei uma diplomata eu jurei defender a Constituição, a qual eles menosprezaram ao continuar com o fluxo de armas, sabendo o quão catastrófico, isso foi, prosseguiu.
“Para mim isso é imperdoável e é criminoso”, denunciou a ex-diplomata.
Há diversas leis norte-americanas que proíbem a transferência de armas a países que abusam dos direitos humanos, incluindo o banimento de apoio em treinamento militar a países que bloqueiam socorro humanitário por Washington, como ocorreu em Gaza.
São leis que, diante dos crimes de guerra do próprio EUA contra governos independentes, só servem de fachada para esconder o aspecto ditatorial e de frequente lesa-hmanidade do regime norte-americano como acaba de se repetir na tentativa de extermínio televisionada e documentada.
Exemplo disso é a Lei Leahy pela qual os EUA não podem dar assistência militar a governos que – de forma documentada – exercem violações grosseiras de direitos humanos como assassinatos extra-judiciais, tortura e estupro, o que Israel tem feito como política de Estado.
Para evidenciar ainda mais a demagogia, a mentira e o cinismo do governo Biden, basta lembrar que aprovou diretriz política, através do Memorando 20, exigindo de “aliados” que recebem armas norte-americanas o fornecimento de garantias de que não as estão usando em violação dos direitos humanos internacionalmente garantidos.
Tudo não passa de letra morta, uma vez que o governo de Biden seguiu suprindo Israel com bilhões de dólares em bombas, um país que, segundo todos os grupos de direitos humanos do Planeta afirmam, estar envolvido no genocídio em Gaza.
Israel assassinou pelo menos 46.876 palestinos na Faixa de Gaza, impôs um sufocante cerco que levou a uma crise de fome das mais abomináveis.
Durante o ano passado, até o Tribunal Penal Internacional (que antes esteve a serviço de perseguições a líderes que desagradavam a Washington, a exemplo da estúpida e injusta morte do iugoslavo Milosevic) teve que admitir a dimensão dos crimes de Netanyahu e expediu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense.
Diante de tudo isso, diz a ex-diplomata, Blinken assegurou ao Congresso estadunidense que Israel não estava bloqueando assistência humanitária em Gaza, mesmo depois dessa mentira ser desmascarada e rejeitada por todos os grupos de direito humanos, principalmente os que tiveram suas ações bloqueadas e funcionários assassinados em Gaza.
Ela também acusou Blinken de não tomar nenhuma medida diante das advertências de abusos cometidos por soldados israelenses (o que fere a Lei Leahy) em ação de norte-americanos de origem palestina contra o governo Biden.
Blinken também foi o supervisor das delegações dos Estados Unidos na ONU quando estas vetaram quatro resoluções do Conselho de Segurança que chamavam a um cessar-fogo em Gaza.
É por isso, que o secretário de Estado de Washington foi execrado em atos de solidariedade à Palestina, houve protestos durante suas audiências no Congresso, e diante de sua residência.
Esta semana, ativistas e jornalistas interromperam falas de Blinken, acusando-o de criminoso.
Na quinta-feira, em seu pronunciamento final na sala de imprensa da Secretaria do Estado, um jornalista foi retirado à força por questionar a cumplicidade de Blinken com os crimes de guerra de Israel.
Para Rharrit, sua objeção aos crimes de Blinken “é natual diante de seus ataques de carniceiro” contra seres humanos, “razão pela qual ele será lembrado em protestos de agora em diante”.