Biden tenta esconder crise dos EUA dizendo que país está “de fazer inveja”

"EUA nunca foi tão bem", disse Biden ao tentar passar gato por lebre (The Spectator)

Pronunciamento Estado da União, foi acomapanhado por protestos contra o fornecimento de armas ao governo genocida de Israel, sendo os principais em Washington, Boston e Los Angeles. Apesar dos bilhões em armas para Netanyahu destruir Gaza, Biden disse que “quer a paz”

O discurso de Biden, “Estado da União” desta quinta-feira (7), provocou fortes ondas de protestos por todo o país, com manifestantes exigindo o cessar-fogo na carnificina em Gaza e que os EUA parem imediatamente de ceder apoio econômico, militar e político ao governo genocida de Israel.

A mais divulgada das manifestações foi o bloqueio do trânsito entre a Casa Branca e o Capitólio atrasando a ida de Biden para apresentar seu pronunciamento. Barreiras foram montadas pela polícia nas imediações da Casa Branca a fim de manter os opositores distantes.

Em Los Angeles e Boston, também houve bloqueio das vias principais tendo sido registradas mais de 50 prisões. Segundo o grupo de defesa do Conselho de Relações Americano-Islâmicas, o discurso era a “melhor e talvez a última chance” de Biden anunciar medidas efetivas para reduzir o sofrimento palestino em Gaza e reconquistar o apoio de árabes-americanos, palestinos e estadunidenses cansados dele falar em paz enquanto estimula o banho de sangue. “Estamos aqui hoje porque já basta”, sintetizou Ahmad Abuznaid, diretor executivo da Campanha Americana pelos Direitos Palestinos.

Após destinar dezenas de bilhões de dólares em armas a Netanyahu, o primeiro-ministro hitlerista de Israel, após defender, com o seu poder de veto, a condenação de Israel pelo Conselho de Segurança da ONU – já são mais de 31 mil mortes e 72 mil feridos -, Biden disse que agora é o “comandante-em-chefe” e que está pessoalmente empenhado em garantir a paz.

Assegurou ter “ordenado” que os militares dos EUA estabelecessem um porto em Gaza, tornada o maior campo de extermínio do mundo, em que 50% das residências se encontram devastadas, com escolas e hospitais destruídos, para “enviar navios com alimentos, água e medicamentos”.

Biden, manteve a responsabilização dos crimes israelenses sobre a resistência armada contra a opressão que há mais de 70 anos atinge os palestinos.

Ao mesmo tempo em que Biden procura projeta essa imagem de interessado na paz e na sobrevivência dos palestinos de Gaza, reverberam pelo planeta imagens trágicas de mães, crianças, idosos e centenas de milhares de inocentes como alvos de mísseis e balas, aviões e canhões, financiados por Washington.

Para abafar o fato de que a economia norte-americana patina em crise, afirmou que “a nossa economia é literalmente a inveja do mundo”, assegurando que, com ele, os EUA vivem “a maior recuperação econômica da sua história”.

Sem qualquer escrúpulo, Biden chamou o seu comportamento alienado da realidade de “honestidade”, de “decência” à degeneração, de “dignidade” à depravação e de “igualdade” ao apartheid, seja ele em Israel, seja aplicado contra latinos e negros dentro do seu país.

Como se não cansasse de mentir, disse que em “milhares de cidades e povoados os estadunidenses estão escrevendo a maior história de recuperação jamais contada”, dando as costas aos mais altos índices de especuladores e biliardários jamais vista, o que levou ao agravamento da desindustrialização, do desemprego e dos baixos salários.

Numa de suas alucinações, tentou se comparar ao presidente Franklin Roosevelt, em 1941, na ânsia de cooptar adeptos em nome da “liberdade e da democracia”, que estariam “sob ataque, tanto no país como no exterior”.

Seguiu invertendo os fatos ao definir a guerra por procuração na qual usa os ucranianos como bucha de canhão para atacar a Rússia, como ataque de Putin: “No exterior, Putin da Rússia está em marcha, invadindo a Ucrânia e semeando o caos por toda a Europa e além dela”, e prosseguiu na desgastada ladainha de Guerra Fria, complementando que “se alguém nesta sala pensa que Putin irá parar na Ucrânia, garanto que não o fará”. Desconhecendo que é exatamente Putin que tem buscado, desde os acordos de Minsk, declaradamente sabotados pela França e Alemanha a mando dos EUA, as negociações de paz.

Inconformado com a mobilização contrária à corrida armamentista implementada pelos EUA – e capitalizada por ele próprio como caminho para seu saldo positivo na balança – assegurou que “a Ucrânia pode deter Putin”. Mas que “a Ucrânia pode deter Putin, se estivermos ao lado da Ucrânia e fornecermos as armas de que necessita para se defender”. Biden vociferou que “a assistência à Ucrânia está sendo bloqueada por aqueles que querem afastar-se da nossa liderança mundial”. Disse que o caminho da paz representaria “curvar-se diante de um líder russo” e que isso seria “ultrajante, perigoso e inaceitável”, o que justifica mais carnificina para tentar postergar o cambaleante governo de Volodymyr Zelensky.

Assim, Biden reconheceu que o governo investe em guerra enquanto nos próprios EUA faltam muitos “canos de chumbo venenosos para remover, a fim de que todas as crianças possam beber água limpa sem risco de danos cerebrais”.

Tentando passar o clima de “agora vai”, sobre os problemas nas fronteiras “que se arrastam por seis anos”, conforme admitiu, disse ter agora contratado “100 juízes de imigração para ajudar a resolver o atraso de dois milhões de casos, mais 4.300 agentes de asilo e novas políticas para que pudessem resolver os casos em seis meses”.

Sobre o desenvolvimento independente chinês, também se afastou abertamente dos fatos: “Durante anos, ouvi muitos dos meus amigos republicanos e democratas dizerem que a China está em ascensão e a América está ficando para trás. Eles entenderam ao contrário. Venho dizendo isso há mais de quatro anos, mesmo quando não era presidente. A América está em ascensão. Temos a melhor economia do mundo”, garantiu.

Quanto a seus cada vez mais frequentes acessos de comportamento senil, tergiversou: “Me disseram que estou muito velho” (acontece que) “quando você chega à minha idade, certas coisas ficam mais claras do que nunca” e o que importa “não é a idade que temos, mas a idade das nossas ideias”.

Enfim, tudo leva à conclusão que a única parte do discurso presidencial que deveria ser considerada lúcida foi o seu início em que afirma: “se eu fosse inteligente, iria para casa. Agora”.

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