Big Tech é multada em 1,2 bilhão de euros por traficar para EUA dados de usuários europeus

Big tech, que transfeiru dados de usuários sem autorização, se diz "injustiçada" pela aplicação de multa (Reprodução)

A gigante tecnológica norte-americana Meta foi multada pela Autoridade Irlandesa de Proteção de Dados (IE DPA) em €1.2 bilhão (quase US$ 1,3 bilhão) por violar as regras de proteção da União Europeia, repassando para os EUA os dados dos usuários europeus. A punição foi anunciada pelo Conselho Europeu de Proteção de Dados (EDPB) da União Europeia, na segunda-feira (22).

“A EDPB concluiu que a violação da Meta é muito grave, pois diz respeito a transferências sistemáticas, repetitivas e contínuas. O Facebook tem milhões de usuários na Europa, então o volume de dados pessoais transferidos é enorme. A multa sem precedentes é um forte sinal para as organizações de que infrações graves têm consequências de longo alcance”, disse Andrea Jelinek, presidente do órgão regulador.

A decisão não se aplica ao Instagram e ao WhatsApp. Segundo o EDPB, essa é a maior penalidade da União Europeia envolvendo as regras de proteção de dados. A Autoridade Irlandesa de Proteção de Dados também determinou à Meta que suspenda imediatamente o compartilhamento de dados dos usuários. Ao Wall Street Journal, a Big Tech se disse “injustiçada” e irá recorrer.

Não é a primeira vez que a Big Tech norte-americana é multada por infringir os direitos dos usuários. Nos EUA, já foi multada em US$ 5 bilhões em 2019, após a evasão de dados de 50 milhões de usuários no escândalo da Cambridge Analytica e outras violações.

No mês passado, um órgão regulador norte-americano, a Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês) abriu um procedimento legal para forçar a Meta a eliminar a exploração de dados infantis para fins lucrativos, com o fim da monetização dos dados de menores de 18 anos. Medida tomada por considerar que acordo anterior sobre proteção a crianças e adolescentes, especialmente no aplicativo Messenger Kids, não vinha sendo cumprido.

Em comunicado, o órgão disse a gigante da tecnologia “não cumpriu totalmente a ordem [de proteção da privacidade], enganou os pais sobre sua capacidade de controlar com quem seus filhos se comunicaram por meio de seu aplicativo Messenger Kids e deturpou o acesso que forneceu a alguns desenvolvedores de aplicativos aos dados privados do usuário.”

Em outro episódio, em fevereiro de 2022, a Meta concordou em pagar US$ 90 milhões – uma módica quantia – para encerrar um processo de privacidade que acusa a rede social de rastrear a atividade dos usuários na internet, mesmo quando estão desconectados. À época, os usuários acusaram a rede social de violar leis federais e estaduais americanas de privacidade e escutas telefônicas, ao usar plugins para armazenar cookies que rastreavam visitas a sites externos contendo botões de “curtir” do Facebook.

Agora, no perrengue pelo qual está passando na Europa, em comunicado a corporação alegou que “sem a capacidade de transferir dados entre fronteiras, a internet corre o risco de ser dividida em silos nacionais e regionais, restringindo a economia global e deixando os cidadãos de diferentes países incapazes de acessar muitos dos serviços compartilhados que confiamos”.

Apesar da contrariedade expressa pela Big Tech, o regulador europeu de forma benevolente concedeu cinco meses para que implemente medidas para interromper todas as futuras transferências de dados pessoais para os Estados Unidos. Já quanto a impedir “o processamento ilegal, incluindo armazenamento, nos EUA de dados pessoais da UE/Usuários da EEA transferidos em violação do GDPR”, serão seis meses de bonificação.

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