
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que as big techs “não são enviadas de Deus” e fizeram campanha “bombardeando as redes” contra o Projeto de Lei de Combate às Fake News, que trata da regulamentação do setor.
Moraes apontou que “as big techs não são enviadas de Deus, como alguns querem, não são neutras”. “São grupos econômicos que querem dominar a economia e a política mundial ignorando fronteiras, ignorando a soberania nacional de cada um dos países, ignorando as legislações, para terem poder e lucro”.
O ministro denunciou que elas fazem “verdadeira lavagem cerebral” para dominar e sabotar a democracia.
Na aula magna da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), onde leciona, Alexandre de Moraes citou o ataque coordenado das big techs, tal como Google, Twitter e Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp), contra a proposta de lei que tramitava na Câmara.
“Quando o Congresso Nacional ia votar a urgência, [foi] marcada para uma quarta-feira a urgência, para deliberar sobre o projeto de lei de regulação das big techs, todas elas bombardearam nas redes dizendo que os parlamentares eram contra a democracia, contra a liberdade de expressão”, denunciou o ministro.
“Os algoritmos fizeram chegar milhares de mensagens a cada parlamentar ameaçando, coagindo. Imediatamente se retirou a votação de urgência e o próprio presidente da Câmara na época, o deputado Arthur Lira, pediu a abertura de um inquérito por coação ao parlamento”, continuou.
Segundo o ministro, as redes sociais controladas pelas big techs “foram instrumentalizadas” para atacar a democracia. “Os algoritmos são intencionados ideologicamente para doutrinar as pessoas”.
“Em nenhum lugar do mundo, se você pegar esse novo populismo digital extremista, esses grupos dizem que são contra a democracia. Eles dizem ‘essa democracia tem fraudes, essa não vale, se eu perder não vale, só tem democracia se eu ganhar. E para fortalecer a democracia nós temos que tomar o poder’. Esse é o discurso”.
“E para conseguir fazer essa verdadeira lavagem cerebral no mundo em milhões de eleitores, atacaram de forma estruturada e sequencial os três grandes pilares das democracias ocidentais”, que são a liberdade de imprensa, as eleições livres e o Poder Judicial independente, completou.