O presidente estadunidense reagiu furioso à solicitação feita pela bispa de Washington, Mariann Edgar Budde, na missa especial para celebrar a sua posse na Catedral da capital. “A suposta bispa que falou no Serviço Nacional de Oração na manhã de terça-feira (21) era uma raivosa contra mim”, esbravejou
Na missa especial realizada na Catedral de Washington para celebrar a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a bispa Mariann Edgar Budde fez uma conclamação por “misericórdia” aos milhões de imigrantes que passaram a ser perseguidos e ameaçados de deportações em massa por não se encontrarem com os documentos em dia, apesar do papel decisivo que tiveram e têm na construção do país.
“As pessoas que colhem em nossas plantações e limpam nossos prédios de escritórios, que trabalham em granjas e em frigoríficos, que lavam a louça depois que comemos em restaurantes e trabalham nos turnos noturnos em hospitais, podem não ser cidadãs ou ter a documentação adequada, mas a grande maioria dos imigrantes não é criminosa”, destacou a bispa da capital estadunidense. Conforme recordou Mariann, “eles pagam impostos e são bons vizinhos. São membros fiéis de nossas igrejas, mesquitas, sinagogas e templos”.
A partir de agora o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) passa a ter poder de prender imigrantes em áreas consideradas protegidas, como hospitais, igrejas e escolas. No comunicado oficial, o governo Trump exalta o poder que terá contra “criminosos e estupradores”: “A Administração Trump não amarrará as mãos de nossos bravos agentes da lei!”
A líder religiosa também solidarizou-se com todos os que estão sendo vítimas da política de gênero adotada pelo novo governo, após Trump ter dito na última segunda-feira (20) que agora nos EUA “só existem o masculino e o feminino”.
“NOSSO PAÍS ESTÁ COM MEDO”
“Milhões confiaram em você. Como você disse à nação ontem, você sentiu a mão providencial de um Deus amoroso. Em nome de nosso Deus, eu peço a você que tenha misericórdia do povo em nosso país que está com medo agora”, declarou Mariann, frisando que “existem gays, lésbicas e transgêneros em famílias democratas, republicanas e independentes, algumas que temem por suas vidas”.
Ao deixar a cerimônia, Trump foi questionado, disse que não tinha sido muito emocionante, que poderia ter sido melhor. Logo depois, diante da imensa repercussão das palavras de Mariann Edgar Budde, o empossado presidente decidiu voltar todas as baterias contra suas declarações.
“A suposta bispa que falou no Serviço Nacional de Oração na manhã de terça-feira era uma radical de esquerda, uma hater (raivosa) contra Trump. Ela trouxe sua igreja para o mundo da política de uma forma muito desrespeitosa. Seu tom foi agressivo, e ela não foi convincente nem inteligente”, esbravejou.
Segundo Trump, Mariann “não mencionou o grande número de imigrantes que vieram para o nosso país e mataram pessoas. Muitos (imigrantes) foram retirados de prisões e instituições mentais. É uma grande onda de crime que está acontecendo nos EUA”. “Além de suas declarações inapropriadas, o sermão foi muito chato e nada inspirador. Ela não é boa no que faz! Ela e sua igreja devem um pedido de desculpas ao público”, acrescentou na madrugada de quarta-feira.