As planilhas apresentadas por Érika Santos, quando tentava em 2001 a separação litigiosa do então companheiro, o economista Marcelo de Azeredo, comprovam que o pagamento de propina envolvendo negócios no porto de Santos ocorria desde a década de 90.
Azeredo era presidente da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), estatal que administra o porto de Santos.
Segundo reportagem da revista “Veja” deste final de semana, a Polícia Federal está desarquivando um inquérito sobre o assunto, que acabou não tendo prosseguimento depois das denúncias de Érika – posteriormente, após as planilhas virem à tona, ela passou a negar ser a responsável por encaminhá-las à Justiça.
Os documentos indicavam pagamentos de suborno de empresas a pessoas identificadas como MT (que seria uma referência a Michel Temer), MA (seria Marcelo de Azeredo) e Lima (seria o coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer).
À época deputado federal, Temer ameaçou processar Érika, que entrou em acordo com os advogados dele e do marido. Ela desistiu da ação de separação litigiosa e deixou o país, vivendo hoje em Paris, onde é blogueira de moda.
De acordo com a revista, a PF tentou investigar as denúncias na época e intimou Temer, que alegou foro privilegiado para não ser ouvido. O caso foi remetido para o Supremo Tribunal Federal (STF), onde foi arquivado em 2011.
A suspeita de que o esquema de corrupção envolvendo o Porto de Santos tem mais de duas décadas foi registrada pelo ministro Luís Roberto Barroso quando determinou a prisão de investigados na Operação Skala, deflagrada pela PF na quinta-feira (29) e que prendeu pessoas próximas ao presidente Temer.