A Faixa de Gaza está hoje perto de entrar numa fase de fome generalizada devido à agressão e ao bloqueio impostos por Israel durante mais de 14 meses, afirmou a Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras aos Refugiados da Palestina (Unrwa), no domingo 29, alertando sobre a crescente ameaça à vida e a falta de ajuda humanitária à população de Gaza.
Diante desta situação, a entidade apelou para uma maior cooperação internacional e defendeu um cessar-fogo imediato “com o objetivo de fornecer ajuda vital face à fome iminente”.
Os impactos devastadores da guerra em Gaza, conforme detalhado pelos relatórios das Nações Unidas, revelam uma crise de proporções históricas que ameaça o desenvolvimento humano e econômico na região por gerações.
Sem uma ação coordenada para enfrentar os problemas, milhões de palestinos continuarão vivendo em condições de extrema pobreza e vulnerabilidade, enquanto enfrentam os traumas físicos e emocionais constatou a agência Unrwa, destacando que a situação é pior na região norte, após três meses de ofensiva terrestre ininterrupta das tropas israelenses, que causou milhares de mortos e feridos, além de graves danos em infraestruturas, incluindo hospitais.
Há poucos dias, o governador em exercício da província de Khan Yunis, Jihad Abu Halib, denunciou que o bloqueio “está deixando os palestinos famintos”.
Informou que os militares do governo genocida de Netanyahu fecham as passagens de fronteiras por longos períodos e quando as abrem limitam a entrada de produtos vitais de forma insuficiente para atender às necessidades da população.
Essa estratégia pressagia um desastre humanitário no enclave costeiro, disse o governador.
“Estamos agora à beira de uma verdadeira fome generalizada, como resultado da grave escassez de alimentos básicos, como farinha, óleo e vegetais, bem como de produtos de saúde”, sublinhou.
O acesso à água potável tornou-se quase inexistente, com estações de bombeamento paralisadas pela falta de combustível e pela destruição causada pelos bombardeios. Como resultado, grande parte da população depende de fontes inseguras de água, elevando o risco de surtos de doenças transmissíveis, como cólera e disenteria
DESRESPEITO AO DIREITO INTERNACIONAL
No início deste mês, o Programa Alimentar Mundial (PAM) já havia alertado que o território se aproxima do colapso à medida que a fome avança devido aos ataques do governo de Netanyahu e à crescente insegurança que torna impossível a entrega de ajuda.
As restrições de acesso, a ausência de ordem e o desrespeito ao direito internacional afetam o pessoal humanitário, as operações e a população do território, sublinhou a organização.
O PAM criticou os saques e ataques a comboios humanitários no centro e sul do enclave, e esclareceu que é impossível enviar produtos vitais para o norte devido às operações criminosas do exército israelense, que fechou a área.
Por sua vez, o coordenador humanitário da ONU para os territórios palestinos ocupados, Muhannad Hadi, também alertou dias atrás sobre a grave crise de segurança e alimentar que Gaza está sofrendo.
“Estou muito preocupado com a situação humanitária e a deterioração da segurança no país”, assinalou em Comunicado o também vice-coordenador especial para o processo de paz no Oriente Médio.