Pressionado por ter provocado a morte de 346 pessoas em dois acidentes em cinco meses, o presidente da Boeing, Dennis Muilenburg, reconheceu no domingo (16) que a fabricante estadunidense de aeronaves cometeu um “erro” ao implementar um sistema defeituoso de aviso na cabine dos seus modelos 737 MAX, que a comunicação da empresa com reguladores, clientes e o público “não foi consequente” e que “isso é inaceitável”.
Diante de uma enxurrada de críticas por ter ficado calado, mesmo após a queda de dois aviões, o executivo da multinacional prometeu “transparência”, enquanto tenta recuperar a autorização para que sua aeronave mais vendida possa voar de novo.
Frente a tantas evidências do descaso macabro, até a Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos responsabilizou a Boeing por não ter informado durante mais de um ano aos reguladores de que um indicador de segurança na cabine dos pilotos do MAX não funcionava e que poderia provocar a queda das aeronaves.
E foi o que de fato ocorreu. Em outubro de 2018, um avião 737 Max da Boeing utilizado pela companhia aérea Lion Air caiu 12 minutos após a decolagem na Indonésia, causando a morte de 189 passageiros e tripulantes. Em março, outro avião da multinacional operado pela Ethiopian Airlines despencou da mesma forma seis minutos depois de decolar matando 157 pessoas.
Como o silêncio destes cinco meses cobra seu preço, Dennis Muilenburg previu que levará tempo para os clientes voltarem a ter segurança na Boeing e se empenhou em defender que houve correção na engenharia e no design de software, elementos que estão no centro das investigações. Ao ser questionado sobre as falhas aparentes no software de controle do MCAS e na arquitetura de sensores, Muilenburg preferiu sair pela tangente: “Claramente, podemos fazer melhorias, e entendemos isso e faremos essas melhorias”.
Às vésperas do Salão Internacional da Aeronáutica e do Espaço de Paris, Muilenburg disse que a empresa enfrenta a dureza do momento com “humildade” e que está dedicada a recuperar a confiança perdida. Diante da sombra de tantos mortos, o executivo prognosticou um número limitado de pedidos na feira de vendas, a primeira de grande magnitude desde os desastres com os modelos 737 Max.