O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que é membro da CPI da Pandemia, afirmou que Jair Bolsonaro quer colocar os governadores e prefeitos no escopo das investigações para tirar o foco e se proteger.
“No entanto, o Brasil todo sabe que negacionismo, boicote a certas medidas, negligência na compra de vacinas, isso só aconteceu no governo federal”, afirmou.
“Houve uma tentativa do governo de, primeiro, impedir a CPI, depois de adiar a CPI e, finalmente, a tentativa de esvaziar a CPI através da ampliação do foco para que nós não chegássemos a lugar nenhum e ficassem todos no mesmo saco, governador, prefeito e presidente da República”, relatou Tasso, em entrevista à CNN.
O senador confirmou que o foco da investigação deve continuar sendo o “governo federal, na medida que ele é o grande responsável por uma atuação nacional no caso de uma pandemia”.
A CPI deve responder se há culpados, o que foi feito errado e o que deveria ter sido feito para evitar as mortes por Covid.
“É isso que a CPI vai investigar. Alguns acham que existe dolo [quando há intenção do crime] também, outros acham que não. Outros até acham que não existem culpados e esse número de mortos teria acontecido em qualquer governo e em qualquer circunstância”, pontuou.
“A mim não parece assim, até porque houve, por parte do governo federal, um negacionismo desde o primeiro momento da pandemia, não aceitando a gravidade da crise e de alguma maneira até menosprezando aqueles que acreditavam na gravidade”, continuou.
Tasso levantou a possibilidade do governo Bolsonaro ter tentado seguir a teoria negacionista de que a pandemia acabaria devido a uma imunidade de rebanho. Esse modelo significa exatamente fazer com que as pessoas se contaminem o mais rápido possível, ignorando as mortes trazidas pela doença.
“Se alguém acreditava nisso e tentou implantar um sistema para que as pessoas se contagiassem para rapidamente chegarmos ao nível de imunidade de rebanho, pode ser considerado dolo também”, avaliou.
O senador repeliu a tese de que a CPI será usada pelos senadores como palanque para 2022.
“Seria uma irresponsabilidade dos senadores que compõem a CPI tratar isso como uma questão eleitoral ou eleitoreira. Nós estamos falando de 400 mil mortos. Tem gente falando que podemos chegar aos 500 mil ou até passar de 500 mil”, afirmou.
Ele declarou ainda que ser candidato pelo PSDB a presidente não estava no seu horizonte, mas disse que está “dentro disso”.
“Meu nome foi colocado pelo presidente do partido. Não era meu projeto de vida, não pensava nisso. No entanto, estou dentro disso, participando disso, no sentido de poder tentar articular uma união não só dentro do partido, mas também fora do partido”, disse Tasso Jereissati.
A possível candidatura de Tasso foi sugerida pelo presidente do PSDB, Bruno Araújo. São também pré-candidatos do partido os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.