Na véspera do Copom, boletim Focus eleva previsão para taxa Selic
Os bancos e demais instituições financeiras elevaram as suas projeções para a taxa básica de juros da economia (Selic) no final deste ano de 9,50% para 9,63%, segundo o Boletim Focus do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira (6).
O anúncio da elevação da Selic futura pelo BC ocorre um dia antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reunirá nesta quarta-feira (8) para definir os rumos da taxa.
Com a Selic hoje em 10,75% ao ano e os agentes de mercado reduzindo a inflação projetada deste ano, de 3,73% para 3,72%, a taxa de juros reais (descontada a inflação) segue crescendo e encarecendo o custo do crédito no Brasil, o que inibe o investimento, além de restringir o consumo de bens e serviços no país.
O Brasil é o segundo colocado entre os países que cobram as maiores taxas de juros reais do mundo, ficando atrás apenas do México, segundo o site Moneyou.
O mercado financeiro, que demanda um arrocho monetário maior no país, defende, já nesta reunião do Copom, a paralisação ou redução do ciclo de cortes da taxa Selic, que teve início em agosto do ano passado, a conta-gotas, após a taxa ter ficado por 12 meses fixada em 13,75% ao ano.
Para seguir com juros altos, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, agora justifica que a economia brasileira estaria operando em um inexistente pleno emprego – o que, segundo ele, levaria para pressões inflacionárias – replicando a velha receita neoliberal – que propõe neste caso mais aperto na política monetária, via juros altos, que desestimule não só a criação de empregos – em prol de uma reserva de desempregados -, mas que também não permita o aumento de salários no país.
Ao todo, há cerca de 8,5 milhões de pessoas em busca de vagas de emprego no Brasil, segundo dados recentes do IBGE.
Os cerca de 100 representantes de bancos e instituições financeiras, consultados pelo BC, revisaram de 2,02% para 2,05% a estimativa para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano.