Boletim do BC reduz estimativa da inflação e eleva juro real com Selic a 15%

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Focus reduz projeção para inflação em 2025 pela 4ª vez seguida e mantém juro elevado por longo período

Os bancos reduziram a previsão para inflação de 2025, que caiu de 4,72% para 4,70%, segundo o Boletim Focus do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira (20). Essa é a quarta semana consecutiva de corte na inflação esperada. Já a projeção do nível da Selic (taxa básica de juros) de 15%  permanece intocável pelos rentistas.  

As estimativas de inflação de 2026 recuou de 4,28% para 4,27%; de 2027 caiu de 3,90% para 3,83%; e em 2028, cedeu de 3,68% para 3,60%. 

A projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2025 também foi reduzida, passando de 2,16% para 2,17%. Para 2026, a projeção de crescimento do PIB é ainda menor, de 1,80%. Em 2023, o PIB cresceu 3,2% e, em 2024, a alta foi de 3,4%. 

Com 17 semanas seguidas sem qualquer alteração da previsão dos juros e a inflação esperada em declínio, o juro real segue subindo, prejudicando o desempenho da indústria, do comércio e dos serviços, elevando o comprometimento da renda dos brasileiro com dívidas com os bancos e aumentando a inadimplência das famílias.  

No encerrar deste ano, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que a taxa de juro real deva ser de 10,30%, o que é bem acima dos 7% de 2024.  “Isso é muito forte e isso tem diminuído a demanda principalmente por bens industriais”, critica o diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, ao destacar que nesse ano, o volume de crédito deve se reduzir à metade do crescimento do ano passado, que foi de quase 11%. 

“O principal fator que explica a redução da demanda por bens de consumo industriais é a taxa de juros extremamente elevada”, afirma o economista. Na última sexta-feira (17), a CNI divulgou que reduziu novamente a projeção de crescimento da indústria, de 1,7 % para 1,6%, em 2025 – sendo a segunda revisão para baixo seguida da expectativa.  

Devido ao enfraquecimento da demanda por bens industriais, o crescimento esperado para a indústria de transformação é de apenas 0,7%. No começo do ano, a projeção era de 1,9% de crescimento. Para a indústria da construção, a projeção foi revista para baixo, de 2,2% para 1,9%.   

“Esse nível das taxas de juros faz com que a demanda por bens industriais se enfraqueça e, agravando esse problema, parte relevante da demanda por bens industriais tem sido capturada pelo aumento da importação de bens de consumo”, argumenta Sérgio Telles.

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