Desemprego elevado, carestia, renda desabando e comércio, indústria e serviços no vermelho, a realidade que Bolsonaro tenta camuflar
Os representantes das instituições financeiras consultados pelo Banco Central reduziram a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano 2022. As informações constam do Boletim Focus do BC, divulgado nesta segunda-feira (27), após ouvir mais de 100 instituições.
No início do ano, o “mercado” financeiro estimava um crescimento da economia de 2,5% para 2022. Agora, a projeção mediana de expansão do PIB recuou para 0,42%.
Para alguns bancos, a previsão já é negativa há alguns meses. “Para 2022, mantemos nossa projeção de queda no PIB de -0,5%, principalmente devido à contração esperada na demanda agregada por causa do aumento de juros“, disse o banco Itáu em relatório de novembro. Assim como os bancos estrangeiros JPMorgan e Credit Suisse, com previsões também negativas para o PIB.
A inflação encerrou o ano de 2021 em dois dígitos, segundo a prévia do IPCA de dezembro do IBGE, a maior desde 2015, alavancada com aval de Bolsonaro no preços monitorados pelo governo, como os combustíveis e a energia elétrica.
Após sete alta seguidas, elevando a taxa básica de juros (Selic) a 9,25% – voltando o Brasil a disputar o primeiro lugar entre os países com as maiores taxa de juros reais do mundo – o aperto monetário para “conter a inflação” pelo Banco Central só fez a inflação disparar. E não só, só agravou uma situação que vinha capengando sobre o conjunto da economia: 15 milhões no desemprego, metade dos trabalhadores no trabalho precário, 25,5 milhões vivendo de “bico” e com a renda desbando 11%. A produção industrial, as vendas do comércio varejista e o setor de serviços estão no vermelho. O endividamento das famílias e das micro e pequenas empresas aumentou e a fome voltou.
De acordo com o boletim Focus, a expectativa é a Selic chegar a 11,50% ao ano para o fim de 2022 e o BC já anunciou que vai continuar aumentando a taxa no início do ano. Mais arrocho sobre o consumo e a produção, quando a economia em recessão já registrou dois trimestres seguidos de queda este ano.
No primeiro trimestre o PIB ficou positivo e Paulo Guedes, ministro da Economia, comemorou o que chamou de crescimento em “V”, o que logo se verificou como mais um voo de galinha. No segundo trimestre o PIB caiu 0,4% e no terceiro, 0,1%. Em 2020, o PIB desabou 4,1%.
Com a economia paralisada, desemprego elevado e com a subida generalizada dos preços, o que se viu foi que a economia brasileira entrou em rota de estagflação. Como avaliou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi): “o desempenho da economia brasileira em 2021 vem sendo camuflado pela existência de bases muito baixas de comparação em um grande número de atividades. O quadro é mais preocupante do que parece”.