Com a inflação em queda, instituições financeiras consultadas pelo BC seguem apostando no juro real nas alturas. Economia desacelera
As instituições financeiras reduziram novamente a projeção para inflação deste ano, que caiu de 4,59% para 4,55%, de acordo com Boletim Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (30). No entanto, os analistas de instituições financeiras consultados pelo BC não alteraram as suas estimativas para a taxa básica de juros (Selic), projetada para 11,25% no encerramento de 2023.
Assim, quando descontada a estimativa de inflação futura do atual patamar da Selic (12,75% ao ano), o juro real no Brasil segue elevado e mantendo-se a maior taxa do mundo, o que impõem travas nos consumos de bens e serviços, na oferta de crédito e levando as dívidas das famílias, empresas e do setor público.
O BC ouviu mais de 100 instituições financeiras, na última semana, sobre as projeções para a economia. Na mediana das projeções da taxa Selic, o ponto-médio ficou em 11,25%, o que significa que metade das instituições ouvidas indicaram uma Selic maior no fim deste ano.
Os analistas do mercado também voltam a reduzir suas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Durante quatro semanas a mediana das projeções apontava 2,90% de crescimento do PIB para este ano. Nesta segunda, a estimativa de crescimento caiu para 0,05 ponto, fincado em 2,85%.
Na semana passada, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do BC apontou que a economia brasileira recuou -0,06% em setembro, após ter registrado uma queda de -0,77% no mês de agosto. O IBC-Br é considerado uma “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Diante da fraca demanda de bens e serviços, restrição da oferta de crédito e do alto grau de endividamento e inadimplência no país, a produção industrial brasileira ficou estagnada em setembro, ao variar apenas 0,1% em relação a agosto, segundo o IBGE. No ano, a indústria acumula uma queda de -0,2% e, em doze meses, ficou estacionada em 0,0%.
Já as vendas no comércio varejista no país variaram 0,6% em setembro frente agosto, mês que havia caído -0,1%. Por sua vez, o volume de serviços prestados recuou -0,3% na comparação com o mês anterior. Esse foi o segundo mês seguido de queda, representando um resultado negativo acumulado de 1,6%.