O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou segunda-feira estar confiante que a Corte Internacional de Justiça de Haia se pronuncie “de forma justa e certeira” sobre o direito do seu país a ter uma saída soberana para o mar.
Na data em que se completavam 139 anos e 33 dias da invasão armada do Chile contra o porto boliviano de Antofagasta, no Pacífico, Evo apresentou a reivindicação durante uma coletiva de imprensa na Holanda e ressaltou que confia que o principal órgão judiciário da ONU “solucione o problema”. Conforme o mandatário, seu país apresentou “os elementos jurídicos e os documentos históricos baseados no direito internacional relacionado com a demanda marítima contra o Chile”.
“À margem das acusações por parte de terceiros que julgam a defesa da Bolívia, a Corte deverá buscar soluções para as futuras gerações, porque o Chile e a Bolívia serão eternamente vizinhos”, ressaltou Evo, frisando que o acesso será benéfico para o conjunto dos nossos povos e para a humanidade.
Em visita recente ao Chile, onde se encontrou com o presidente Sebastián Piñera, o líder boliviano falou sobre “a impostergável necessidade de reencontrarmos a história e a geografia, pois nossos povos nos fazem irmãos”. “Faço um chamado para que não escutemos as vozes que querem nos declarar inimigos, superemos nossas diferenças em base no diálogo”, destacou Evo, enfatizando a necessidade de “resolver as feridas do passado, aquelas que não buscaram nossos povos, que estão abertas em nosso hemisfério e que devem ser fechadas”.
A Guerra do Pacífico (1879-1893) ocorreu quando o Chile foi utilizado pela Inglaterra para defender os interesses da sua multinacional Antofagasta Nitrate & Railway Companyn que, após ser taxada pelo governo boliviano – e decidir não pagar – foi ameaçada de ter as suas propriedades confiscadas. Assim, à custa de milhares de mortos, o território boliviano de Antofagasta e áreas do norte do deserto do Atacama – também pertencentes ao Peru – ricas em nitratos utilizados como fertilizantes e para a preparação de explosivos, foram parar nas mãos do capital inglês.
“Antofagasta foi, é e será território boliviano”, sublinhou Evo. Compreendida como um “ato de justiça”, a demanda boliviana “recebeu o apoio de 48 chefes de Estado, 33 chanceleres, 62 comunicados e declarações conjuntas, sete de organismos internacionais, 19 personalidades mundiais, dois Papas e, inclusive, 48 personalidades e líderes políticos do Chile. Não estamos sós”.