Centenas de milhares de bolivianos marcharam neste domingo pela reeleição do presidente Evo Morales e por um “futuro seguro” na cidade de El Alto, na região metropolitana de La Paz.
Encabeçada por Evo, a caminhada, que terminou em um gigantesco comício, reuniu deputados e senadores do Movimento Ao Socialismo – Instrumento Político pela Soberania dos Povos (MAS-IPSP), que reiteraram a importância de manter o processo de mudanças em vigor desde 2016.
Entoando “Evo fica” e “O que queremos? Evo de novo”, entre 250 mil e meio milhão de manifestantes – segundo diferentes órgãos de imprensa – caminharam durante mais de duas horas por dez quilômetros, erguendo a bandeira azul, branca e preta do MAS.
Evo recordou as jornadas de outubro de 2003, quando a luta contra o aumento dos combustíveis levou à morte de inúmeros moradores de El Alto. “Começava o massacre, foi fatal o que vivemos naquele outubro, irmãos e irmãs, e é o caso de refletirmos. Os que tanto mal fizeram ao ser humano e aos nossos recursos naturais não podem voltar”, frisou.
O presidente destacou inúmeros avanços na área política, econômica e social, reconheceu haver ainda muito por fazer, e sublinhou a importância da industrialização, da recuperação dos recursos naturais e do país não mais depender dos ditames do estrangeiro “É a unidade na luta do povo boliviano o que temos conseguido, primeiro recuperando a Pátria e, depois de recuperar os recursos naturais, dar dignidade aos bolivianos”, acrescentou.
Na avaliação do presidente, “os que querem voltar ao passado são os privatizadores, eles são os que se submeteram ao Banco Mundial (BM) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI)”. “Os que estamos nas ruas, marchando, em campanha humildemente, somos os nacionalizadores”, nos enfrentando “aos que propõem novamente privatização”. “Dizem: vamos melhorar saúde e educação com a privatização das empresas públicas. Para eles, a educação é serviço, para nós a educação é direito”, sublinhou.
PRIVATIZADORES NÃO PODEM VOLTAR
Em outubro de 2003, o governo do presidente Gonzalo Sánchez de Lozada determinou o deslocamento de forças da Polícia e do Exército para combater os moradores de El Alto, que haviam entrado em greve geral indeterminada contra a venda do gás natural para os Estados Unidos.
Resultado da violenta repressão, pelo menos 67 pessoas morreram e 400 pessoas ficaram feridas, o que provocou a renúncia de Sánchez de Lozada e sua fuga para os Estados Unidos, junto a seu colaborador Carlos Sánchez Berzaín. Na vacância, quem assumiu o cargo foi Carlos Mesa, que hoje encabeça a oposição contra Evo.