A Bolívia fará uma representação contra o Brasil diante do Conselho de Direitos Humanos da ONU. O protesto ocorre depois do menosprezo aos indígenas revelado pelo deputado estadual do Rio de Janeiro, Ricardo Amorim, integrante do PSL, partido de Bolsonaro.
Tanto pelo cargo de deputado, exercido por Amorim, quanto pela sua filiação ao partido do presidente do Brasil, as declarações dele estão sendo vistas pelo governo boliviano como “racismo de Estado”. Segundo o jornal boliviano, La Razón, “há mal-estar pelas declarações que fez Rodrigo Amorim, do partido do presidente Bolsonaro”.
Na semana passada, Amorim disse que “quem gosta dos índios, que vá para a Bolívia, que, além de ser comunista, é presidida por um índio”. A declaração foi feita pelo deputado ao propor uma operação de “limpeza” em área próxima ao estádio do Maracanã, área que inclui região habitada por indígenas. De acordo com a proposta, os indígenas seriam expulsos e ali seria construído um estacionamento.
“Vamos a usar os mecanismos diplomáticos”, declarou o chanceler Diego Pary, tratando das ações que a Bolívia pode assumir diante da postura de Amorim e do silêncio do governo brasileiro a respeito dessas manifestações.
O vice-ministro da Descolonização da Bolívia, Félix Cárdenas, afirmou que a Bolívia dará início ao processo junto ao Conselho de Direitos Humanos da ONU pois essa postura não afeta apenas a Bolívia, mas a todos os indígenas e traz uma “série de riscos” para o Brasil e outras nações do mundo. Cárdenas avalia que agora, no Brasil, “o racismo tornou-se uma política de Estado o que inclui o presidente e seu governo”.