Após ter perdido as eleições presidenciais bolivianas para Evo Morales, o candidato oposicionista, Carlos Mesa, mudou de opinião novamente na última quinta-feira (31) e afirmou que reconheceria a auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA). A informação foi dada pela própria instituição, mediante comunicado oficial.
De acordo com o ministro da Comunicação, Manuel Canelas, “isso quer dizer que o senhor Mesa conhece as condições estabelecidas com a OEA e não lhes impôs nenhuma objeção”, registrando a importante mudança de posicionamento do candidato do partido Comunidade Cidadã e ex-presidente para que o país volte plenamente à normalidade.
Liderado por Evo, o Movimento Ao Socialismo (MAS) venceu as eleições de 20 de outubro, com 47,8% dos votos, abrindo uma vantagem de 10,57% sobre Carlos Mesa. Vice-presidente de Gonzalo Sanchéz de Losada, responsável pelo “Outubro Negro”, em 2003, quando foram assassinados 67 manifestantes e feridos mais de 400, Mesa passou então a ignorar o resultado, solicitar “auditoria internacional” e convocar seus partidários a desconhecer o governo.
Mesa já havia dito que reconheceria a auditoria com a participação da OEA, depois disse que não a reconheceria e, agora, finalmente resolve acatar o resultado que será anunciado após a passagem em revista das atas eleitorais.
Ou seja, por sua declaração mais recente, o oposicionista passou finalmente a reconhecer o resultado a ser divulgado em cerca de duas semanas pela equipe da OEA, que conta com 30 advogados, estatísticos, peritos em informática, especialistas em documentação, caligrafia.
O faz depois do fracasso das tentativas dele e aliados de tumultuarem a vida nacional na Bolívia.
MANIFESTAÇÃO SOBERANA DO POVO
Para o vice-presidente reeleito Álvaro García Linera, “o importante agora é que as forças perdedoras, o candidato perdedor, deixem de incitar as pessoas à violência, deixem de convocar seus partidários a sair às ruas para prejudicar seus vizinhos, os comerciantes e os transportadores”. Agora, assinalou, “a força pública tem a obrigação de investigar absolutamente todos os atos de violência ocorridos nestes dias”. Agressões que provocaram centenas de feridos e até mortes, como no departamento de Santa Cruz.
Linera recordou que “nunca havia acontecido na Bolívia uma queima de urnas, que gente raivosa fosse queimar o Órgão Eleitoral”. “Podiam protestar, provocar, mas nunca houve uma planificação, uma preparação com antecedência, uma campanha sistemática de desconhecimento do voto popular até chegar ao incêndio e à queima de instituições”, frisou.
O presidente Evo Morales saudou a forma como a população tem se mantido ordeira e pacífica, em contraposição à histeria de uma minoria extremista que busca uma sobrevida na radicalização. “A unidade e dignidade do povo são mais fortes que o golpismo e seus ataques de racismo e discriminação contra os mais humildes”, reiterou Evo, enfatizando que “unidos cuidaremos das grandes conquistas da nossa querida Bolívia e defenderemos pacífica e democraticamente este projeto político de libertação”.
ARMA DE FOGO, DINAMITES E EXPLOSIVOS
O procurador do departamento de Santa Cruz, Mirael Salguero, informou que já estão presos seis dos responsáveis pela morte de Mario Salvatierra Salvatierra (55 anos) e Marcelo Terrazas Seleme (41 anos), durante as agressões praticadas na cidade de Montero, na última quarta-feira. Na oportunidade, partidários de Mesa convocam para uma “greve” para desconhecer a derrota eleitoral e jogavam pedras e bombas – e disparavam tiros – em todo aquele que não se dobrava às suas imposições.
Quatro dos elementos foram capturados à noite logo depois de terem sido identificados em vídeos dos confrontos divulgados pelas redes sociais. “Os outros dois se entregaram voluntariamente à Polícia. Entre eles está Wilson R., quem supostamente aparecia com roupa camuflada e a cara semicoberta portando uma arma de fogo em um vídeo”, esclareceu. O outro que se entregou foi Óscar Y., quem é identificado numa das gravações como um dos agressores.
“Estas duas pessoas portavam foguetes, armas brancas, dinamites e outros explosivos quando foram presas”, destacou o procurador, acrescentando que os seis acusados serão investigados pelos delitos de lesões graves e gravíssimas, associação criminosa e assassinato.
Mudam os personagens, permanece o mesmíssimo roteiro utilizado pelos Estados Unidos nos mais variados países, e na própria Bolívia, contra a democracia e a soberania de um povo.
LEONARDO WEXELL SEVERO