“Quantos anos tiveram que se passar para que o país se encontre no caminho certo do uso de um dos recursos naturais mais apreciados hoje em dia?”, questionou o presidente Luis Arce
Os governos da Bolívia e da China assinaram um acordo na última sexta-feira (20) para a industrialização do lítio e a exportação de baterias, com um grande ato na Casa Grande do Povo, em La Paz.
“Hoje é um dia histórico para todos nós quando começa a era da industrialização”, comemorou o presidente Luis Arce, anunciando a parceria entre a estatal Yacimientos del Litio Bolivianos (YLB), e o grupo empresarial chinês CBC, escolhido por licitação.
A parceria estabelece que será feita a extração direta dos salares de Potosí e Oruro, onde se encontram 21 milhões de toneladas de lítio, as maiores reservas do mundo do mineral, segundo o Serviço Geológico de Estados Unidos.
Cada um dos complexos terá a capacidade de produzir até 25 mil toneladas por ano de carbonato de lítio, grau bateria, com 99,5% de pureza, e processos de semi-industrialização e industrialização na cadeia evaporítica. O preço do lítio para baterias alcançou cerca de US$ 85.000 por tonelada até o final do ano passado.
“Quantos anos tiveram que se passar para que o país se encontre no caminho certo do uso de um dos recursos naturais mais apreciados hoje em dia?”, questionou Arce, sublinhando a soberania que rege “o modelo econômico Social-Comunitário Produtivo para os bolivianos e bolivianas”.
ARCE: “ESTADO É O PROTAGONISTA FUNDAMENTAL”
“A filosofia incorporada hoje com este acordo será válida para cada uma das empresas que queiram trabalhar na Bolívia, desde que respeitem nosso modelo de negócios, onde o Estado é o protagonista fundamental”, reiterou Arce.
O consórcio chinês, explicou o mandatário, se comprometeu a realizar a fase da industrialização do lítio junto à estatal boliviana, que se fará presente durante “todo o processo”, desde a extração até a comercialização.
De acordo com Arce, a CBC investirá mais de US$ 1 bilhão na primeira etapa do projeto para a implementação de dois complexos indústrias com a tecnologia de extração direta do lítio em ambas as reservas. Para isso, além da instalação da infraestrutura, os recursos serão aplicados na construção de rodovias e outras melhorias para a produção de catodos e baterias de lítio, cuja demanda para celulares e automóveis elétricos aumentou exponencialmente em todo o mundo.
O fato, apontou Arce, é que o lítio “está na moda” diante da crise energética e climática, pelo que a Bolívia “não tem tempo a perder”, mas sim a oportunidade de aproveitar, com tecnologia “inovadora e atual” o recurso natural “da forma mais saudável”.
As projeções é que até o primeiro trimestre de 2025 a Bolívia já esteja exportando baterias de lítio com matéria-prima nacional. Para isso, esclareceu o mandatário, o país continuará selecionando empresas que queiram participar desse plano de industrialização.
“PRESENTE DA PACHAMAMA”
O embaixador chinês, Huang Yazhong, frisou que “a Bolívia conta com um recurso muito rico de lítio e de grande futuro. Esta grande reserva é um presente da Pachamama, porém para despertar necessita de muito trabalho, não só destas companhias que darão o melhor de si, como de toda a sociedade”.
Huang Yazhong destacou que “este novo projeto abre uma nova área que tem muito futuro”, e que, em parceria, os dois países estão construindo um relacionamento estratégico no marco da relação Sul-Sul. O diplomata enfatizou que a China trata a “Bolívia como um amigo, um irmão e um sócio” em diferentes áreas de interesse bilateral