O governo boliviano comemorou nesta quinta-feira uma vitória importante na batalha em defesa do meio ambiente: uma ação coordenada e ativa reduziu os focos de incêndio de 8.461 para 163 em menos de duas semanas. Um documento entregue por José Alberto Gonzales, representante da Bolívia na Organização dos Estados Americanos (OEA), ao secretário-geral do organismo, Luis Almagro, destaca a força de solidariedade das brigadas contra o fogo na Chiquitania, departamento de Santa Cruz, fronteira com o Brasil.
Naquela região, apenas nos últimos oito dias foram extintos 85% dos focos contra o incêndio, numa demonstração de que “ações efetivas em defesa da Mãe Terra estão fazendo o fogo retroceder”.
Vestindo macacão azul, o presidente Evo Morales voltou a visitar as regiões afetadas, usando uma mangueira e uma enxada para ajudar os bombeiros. Do alto de um helicóptero, Evo pôde ter a dimensão da devastação das florestas.
Neste momento, a ação coordenada dos governos federal, estaduais e municipais envolve mais de 3.500 pessoas entre policiais, bombeiros e voluntários que trabalham dia e noite para extinguir as chamas, que já atingiram mais de 950 mil hectares (9.500 km quadrados).
Entre as inúmeras medidas adotadas pelo governo boliviano está a contratação, por dez dias, do maior avião tanque do mundo de combate aos incêndios, o SuperTanker, com capacidade para transportar mais de 72 mil litros de água ou produto retardante e tem condições de cobrir uma faixa de 50 metros de largura e cerca de cinco quilômetros de comprimento, podendo ser recarregada em cerca de 30 minutos.
“Os problemas que se apresentam nos ensinam, são uma oportunidade para melhorar. Estamos seguros que os incêndios continuarão ocorrendo todos os anos, mas temos a obrigação de estar equipados para enfrentar estas situações”, declarou Evo, anunciando que, entre outras medidas, serão contratados mais helicópteros, que são de grande ajuda tanto para transportar as brigadas quando o acesso por terra é difícil, como para realizar despejo de água.
Entre outros países, informou a diplomacia boliviana, já enviaram recursos materiais e humanos Canadá, Estado Unidos, França e Suíça.
Ao contrário de Bolsonaro – que esnobou a ajuda assegurada pelo G7, na recente reunião realizada em Biarritz, na França – Evo a saudou, sem deixar de criticar sua dimensão: “Saúdo também essa pequena, pequena, muito pequena contribuição do G7 de 20 milhões de dólares. Isso não é ajuda, faz parte de uma corresponsabilidade compartilhada, pois todos os povos têm essa obrigação de preservar o ambiente”.