O investimento público de US$ 6,51 bilhões programado para 2019 no Orçamento Geral do Estado (PGE) continuará como “a locomotiva do crescimento” econômico da Bolivia, afirmou quarta-feira o ex-ministro de Economia e Finanças Públicas Luis Arce Catacora.
Na avaliação do economista, esta injeção de recursos somada aos projetos de industrialização possibilitarão ao país andino alcançar um índice de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,7%, similar ao projeto para este ano. Entre as iniciativas industriais, o ex-ministro de Evo Morales destacou que constituem a nova base econômica boliviana a planta de uréia, na unidade de Bulo Bulo, em Cochabamba; a de potássio, em Uyuny, com o projeto estatal do lítio, em Potosí; e a exportação de eletricidade.
“O melhor ainda está por vir”, enfatizou Catacora, referindo-se ao processo de industrialização dos recursos naturais impulsionado pelo governo de Evo Morales. Para o especialista, “elevar de US$ 6 bilhões para US$ 6,5 bilhões o investimento público nos, tranquiliza porque o Modelo Econômico (Social, Comunitário e Produtivo) desenhado basicamente depende deste impulsionamento; a locomotiva é o investimento público e isso não está sendo descuidado.
Arce Catacora assinalou que houve uma importante injeção em vários setores produtivos do país, principalmente na indústria e manufaturas que representam 17% do PIB, seguido da agropecuária com 12%, enquanto hidrocarbonetos e mineração aportam 6% e 5%, respectivamente.
Além do investimento produtivo, o salto do PIB boliviano tem se dado precisamente com base no fortalecimento do papel do Estado e do mercado interno – com a redistribuição da riqueza. Por isso que, segundo dados do próprio Banco Mundial, o PIB que era de US$ 11,452 bilhões em 2006 – quando Evo assumiu – saltou para US$ 37,509 bilhões em 2017. No mesmo período, a renda per capita anual passou de US$ 1.120 para US$ 3.130 e a expectativa de vida subiu de 64 para 71 anos, enquanto a pobreza baixou de 59,9% para 36,4% no ano passado.
Ao mesmo tempo, assinala o pesquisador Sergio Martín-Carrilo, consultor internacional do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Bolívia “foi o país sul-americano que experimentou o maior crescimento econômico, mantendo inclusive um ritmo acima do patamar de 4%, apesar do contexto de debilidade que a região vive desde 2015”.
Apesar da oposição tentar evitar a todo custo que Evo participe do pleito do próximo ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou, nesta terça-feira, a candidatura do presidente para o seu quarto mandato. Fortalecendo a postulação do Movimento Ao Socialismo (MAS), a Central Operária Boliviana (COB) lançou um manifesto para “consolidar a candidatura de Evo como único líder nacional para as eleições de 2019”.
OPOSIÇÃO PROTESTA CONTRA O TSE
A “paralisação cívica” convocada contra a repostulação de Evo Morales e Álvaro García Linera para esta quinta-feira com “bloqueios, piquetes e passeatas” foi esvaziada e circunscrita “a um pequeno grupo de pessoas ”, explicou o secretário-executivo da Federação Sindical de Trabalhadores Mineiros da Bolívia, Orlando Gutiérrez. As imagens veiculadas pela televisão captaram alguns manifestantes deitados no chão, paralisando o trânsito em algumas capitais, e outros empunhando cartazes contra o TSE.
O candidato presidencial Carlos Mesa, denunciado por ter recebido junto com seus ministros milionárias propinas da Odebrecht, saudou os oposicionistas pelas redes sociais dizendo que “democracia quer dizer a opção de exercer livremente o direito ao protesto”. Em La Paz, dois senadores e dois deputados de oposição se declararam em greve de fome contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral.
O presidente do Senado, Milton Barón, afirmou que os únicos que efetivamente exercem “assédio” e “pressão” sobre o TSE, atuando de forma anti-democrática, são os oposicionistas, que inclusive convocaram o desacato à decisão. “O protesto se respeita, mas deve ser pacífico e de nenhuma maneira a oposição deve chamar à violência e tratar de gerar desordem ou alguma situação de convulsão. A violência não é o caminho”, frisou o senador.