O presidente da Bolívia, Evo Morales, inaugurou na última sexta-feira o Sistema Único de Saúde (SUS) em um grande evento na cidade de Cochabamba. Universal e gratuito, o sistema garantirá assistência médica, diagnóstico, tratamento, remédios e cirurgias a mais de cinco milhões de bolivianos (51% da população), assalariados, camponeses e trabalhadores autônomos.
A essência do novo esquema, assinalou o presidente, é que põe fim ao mercantilismo na saúde e coloca em prática a Constituição. “Enquanto para o capitalismo a saúde é negócio, graças a médicos comprometidos teremos o SUS para nossos irmãos que não têm apoio, para os mais pobres”, frisou, lembrando que o gasto público per capita no setor passou de 52 dólares em 2005 para 284 dólares em 2018. “E seguramente vamos passar dos 300 dólares este ano”, enfatizou.
“Em 180 anos havia 2.870 unidades de saúde e em nossa gestão, em 13 anos, 1.061 novas unidades de saúde, metade concluída, equipada. Então, irmãos e irmãs, um grande investimento”, acrescentou o presidente. Agora, a projeção é de que o país salte dos 4,7% de investimento público em saúde para 5,4% neste ano, alcançando 6,6% em 2020.
Neste momento, apontou, “temos que pensar como a Bolívia pode ser um modelo de atenção à saúde através do SUS, não só para os bolivianos, mas também para expandir aos países vizinhos. Essa deve ser nossa meta”.
Reforçando o papel da solidariedade, Evo recordou que o país teve uma primeira experiência com a ‘Operação Milagre’, programa implementado com a ajuda de Cuba, que permitiu aos peruanos serem atendidos gratuitamente em locais como Copacabana para serem operados de problemas de visão.
Para Evo, a aplicação do SUS é “responsabilidade de todos”, por isso pediu ao povo que cooperasse para torná-lo “um sucesso”. “Meu pedido aos movimentos sociais, às nossas autoridades, para estar atento às pessoas, como nos dizer onde temos problemas”, declarou.
A ministra da Saúde, Gabriela Montaño, explicou que o governo se encarregará da construção de hospitais e que dos 200 milhões de dólares a serem investidos nas instalações médicas, pelo menos 30 milhões serão para infraestrutura e equipamentos..
OMS: “RESULTADOS SÃO EXTRAORDINÁRIOS”
Durante a inauguração do SUS, o representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Panamericana de Saúde (OPS), Fernando Leanes, qualificou de “extraordinários os resultados obtidos pela Bolívia em termos de saúde pública, de saúde coletiva”.
O representante da OMS lembrou que entre 2006 e 2016, o país triplicou o orçamento em relação a média da região, tornando-se um exemplo pois se antecipa para cumprir o objetivo 2025, que é o de aumentar para um bilhão de pessoas com cobertura de saúde, o equivalente a 17% da população do planeta.
“A Bolívia triplica esse objetivo com 51%. São resultados extraordinários pois se veem como se reduziu a mortalidade e a desnutrição infantil, ampliando o número de partos atendidos por profissionais e as enfermidades sob controle, aumentando os anos de vida útil dos bolivianos”, acrescentou.
Quando a OPS e a OMS afirmam que “a Bolívia é um modelo para as Américas na atenção primária de saúde”, ressaltou Leanes, não significa que tudo está perfeito, mas que os avanços são extremamente significativos.
LEONARDO SEVERO