O ministro da Presidência da Bolívia, René Martínez Callahuanca, afirmou que “para aprofundar a democracia”, o país andino participará no próximo domingo de um processo eleitoral diferente, em que não se elegerão autoridades políticas, mas judiciais. “A campanha da direita pelo voto nulo anula a vontade soberana do povo e acarreta o perigo da persistência dos males crônicos de uma justiça que necessita de uma cirurgia de emergência”, denunciou.
Conforme Callahuanca, o processo se viu contaminado com a guerra suja movida por políticos reacionários que se sucederam no poder durante o período neoliberal e se beneficiaram com o “fatiamento de cargos” do denominado “poder judiciário”. Agora, condenou, promovem o voto nulo na tentativa desesperada de evitar a renovação das estruturas. Naquele tempo, recordou o ministro, “havia uma cumplicidade aberta da embaixada dos Estados Unidos”, “uma ingerência descarada” para indicar pessoas que iriam lhes servir em altos cargos públicos. Exemplo disso, mostrou a manchete de um jornal de Santa Cruz, de 4 de dezembro de 2004, em que estampava que “Assessor da Embaixada dos EUA pretende ser procurador-geral”.
A Coordenadora Nacional pela Mudança (Conalcam), que reúne os principais movimentos sociais bolivianos, destacou a relevância da população exercer seu direito ao voto nas eleições em que serão escolhidas as autoridades que ocuparão os mais altos cargos do Supremo Tribunal de Justiça, do Tribunal Constitucional Plurinacional, do Conselho da Magistratura e do Tribunal Agroambiental.
Conforme a Conalcam, a decisão está em consonância com as expectativas dos bolivianos, que “exigiram, com urgência, a profunda transformação da justiça por considerá-la injusta, burocrática e corrupta”, razão pela qual se realizará uma eleição de postulantes a juízes e magistrados com “um sistema combinado por qualificação de méritos”.