O presidente Luis Arce Catacora afirmou nesta segunda-feira (14) que as mudanças sociais, políticas e econômicas continuarão avançando na Bolívia, apesar dos ataques golpistas, como os ocorridos recentemente com a tentativa de locaute, confrontos e o incêndio da sede da Federação dos Trabalhadores Camponeses na cidade de Santa Cruz de la Sierra. “É uma situação política onde mais uma vez as forças da direita quiseram nos desestabilizar”, alertou, durante um evento no município de Rurrenabaque, em Beni.
Conforme Arce, a promulgação do Decreto Supremo 4824, que garante a realização do Censo da População e Moradia em 23 de março de 2024, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), além da “redistribuição de recursos” para os departamentos [Estados] e municípios até setembro do mesmo ano, é uma demonstração de que “estamos firmes e continuaremos trabalhando pelo povo boliviano”. “Desta forma atendemos ao pedido de mais de 300 autoridades eleitas do país e às recomendações da Comissão Técnica”, acrescentou.
O novo decreto estabelece que os resultados do Censo de 2024 “permitirão ajustar, definir, implementar e avaliar planos, programas, estratégias de desenvolvimento humano, econômico e social nos níveis nacional, departamental, setorial, municipal e comunitário, tornando-se um dos principais insumos para o desenho, execução, avaliação e monitoramento de políticas públicas”.
“Todo e cada um dos homens e mulheres bolivianos devem fazer parte do Censo do Bicentenário. Continuaremos a reconstruir a Pátria, unidos, tendo em conta as realidades econômicas, sociais e culturais dos nove departamentos”, sublinhou Arce.
O Decreto foi promulgado após três semanas de contínuos episódios de violentos confrontos em Santa Cruz, estimulados por milícias ligadas ao governador Luis Fernando Camacho e à União da Juventude Cruzenhista (UJC), que convocaram uma paralisação por tempo indeterminado em 22 de outubro. Com o apoio de setores da mídia, os fascistas usaram como pretexto a necessidade de que o censo fosse adiantado para 2023, tentando desconsiderar a realidade.
“Mas dos nove departamentos, apenas o setor de Camacho se mantém em radicalismo isolado, persistindo nesta toada golpista dos fascistas, sem levar em conta os pareceres técnicos e a necessidade da organização que o censo requer”, descreveu o cientista social boliviano Porfirio Cochi, recordando que “há outro setor majoritário da população cruzenha que aceita o novo decreto”. “Há um grupo do Comitê Interinstitucional, que tem a frente o reitor da Universidade pública, que aceita os acordos da mesa técnica e o diálogo”, disse.
O vice-presidente David Choquehuanca ressaltou que no mesmo dia em que o país exorta os 241 anos da morte do líder indígena Tupac Katari, é preciso reafirmar a ideologia da libertação e da unidade contra o invasor. “Mas há muitos radicais que querem nos dividir. A cultura da divisão vem com o colonialismo. Alguns somente pensam em si mesmos e não em seu povo. Nós não desistimos e não vamos desistir”, enfatizou.