O presidente da Bolívia, Luis Arce, e o vice-presidente, David Choquehuanca, lideraram uma marcha na capital La Paz contra as tentativas de golpe por parte de agrupamentos ligados ao governador de Santa Cruz, Fernando Camacho
“Iniciamos esta grande marcha em defesa da Pátria e da democracia. Esta é a verdadeira unidade do povo boliviano, que hoje marcha pacificamente, mas com firmeza”, assinalou Arce através das redes sociais.
Na quinta-feira (25), um multidão tomou as ruas da capital boliviana em apoio à reconstrução econômica do país. No ato, Arce denunciou que no país há riscos de que a direita golpista volte a levantar a cabeça e ameaçar o desenvolvimento do país, referindo-se a Camacho, um dos protagonistas de golpe de 2019, com o qual Jeanine Añez usurpou o poder.
O presidente destacou em seu discurso que “a direita sempre vai procurar desculpas para nos desestabilizar”, mas “o povo boliviano não quer mais golpes, o povo quer trabalhar, progredir e industrializar o país”.
Ele ressaltou que as potências ocidentais “querem o lítio da Bolívia, gás, o ferro” e alertou que “a direita sempre buscará desculpas para nos enfraquecer e nos desgastar, com a cumplicidade de vários atores da sociedade”.
O governo enfrentou nas últimas semanas duas violentas greves na região de Santa Cruz, reduto da oposição, com a desculpa surpreendente do adiamento do censo populacional. O censo, que deve ser realizado a cada 10 anos e estava previsto para 2022, foi adiado para 2024, por conta de problemas da pandemia e atrasos técnicos.
A mobilização foi convocada pelo chamado “Pacto de Unidade”, que reúne sindicatos e organizações camponesas e de indígenas parlamentares pró-governo, como o presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, que integra o partido MAS (Movimento ao Socialismo).
Ao final da mobilização, Arce insistiu: “Mais uma vez, a maturidade e a sabedoria do povo boliviano prevalecem para defender a democracia nesta marcha histórica. Os bolivianos não querem mais golpes, querem trabalhar e industrializar o país. Muito obrigado Bolívia! Os golpistas não passarão!”
VICE-PRESIDNETE, CHOQUEHUANCA CONVOCA TODOS À DEFESA DA SOBERANIA
Em seu discurso, o vice-presidente David Choquehuanca enfatizou a importância de ter chegado ao poder por meio de eleições legítimas. “Estamos aqui para defender nossa democracia, nossa estabilidade econômica, nosso processo de mudança, nosso governo legal e legitimamente eleito nas urnas”, disse Choquehuanca, que teve grande apoio dos setores indígenas no início da marcha e convocou empresários, militares, policiais, universitários e outros para defender a soberania, a estabilidade econômica e os recursos naturais: “Ninguém se salva sozinho, todos precisamos uns dos outros”.
Afirmou que a oposição faz uso de um censo populacional e habitacional, previsto para 2024, apenas com desejos desestabilizadores.
O ex-presidente Evo Morales, também presente na manifestação, sublinhou a importância da unidade das forças progressistas do país. “A unidade é o triunfo do povo e a derrota do império. Nossa tarefa e responsabilidade é garantir a unidade de nossas organizações sociais diante dos desejos de nos dividir da direita interna e externa que, sob direção externa, tentam provocar e desestabilizar”.
Mais de cem organizações participaram da mobilização, segundo o jornal boliviano La Razón. Entre elas estão a Central Obreira Boliviana, principal central sindical do país, a Confederação dos Povos Indígenas da Bolívia e a Confederação Nacional das Mulheres Indígenas Camponesas da Bolívia, entre outras, unificadas pelo “Pacto de Unidade”.