
O que eles gostariam, de fato, era transformar o Brasil num país caudatário da tragédia econômica dos EUA e do G7. Se pudessem empurrariam o país para as aventuras agressivas e estúpidas de Trump e Netanyahu
Qualquer cidadão que se dedique a observar atentamente o que ocorre hoje no mundo percebe que a humanidade está diante de uma grande encruzilhada. De um lado um grupo de países liderados pelos Estados Unidos, Israel e União Europeia tenta incendiar o planeta para tentar frear o seu próprio declínio e deter o fim inescapável de sua hegemonia. De outro se fortalece um conjunto de países, que se reúnem em torno do BRICS, que apontam um caminho de paz, de entendimento, de prosperidade comum e desenvolvimento justo para todos.
ARRASTAR PARA GUERRAS
Não há dúvida de que, se o bolsonarismo, uma corrente política de cunho fascista e, por isso mesmo, totalmente submissa e bajuladora aos ditames de Washington, estivesse, ou voltasse, ao poder no Brasil, não só completaria a destruição da economia do país, como faz Javier Milei, na Argentina, como também arrastaria o país para as aventuras agressivas, expansionistas e estúpidas dos falcões da guerra que pululam em torno de Donald Trump, de Benjamin Netanyahu e de alguns órfãos de Hitler saídos dos sarcófagos na Europa.
Um fato que reforça a bajulação citada acima é o comportamento do ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro que abandonou o mandato, deixou o Brasil e foi morar com a família nos Estados Unidos assim que Donald Trump foi eleito. Ele mesmo admite que foi para os EUA para ficar mais perto de seu guru e não esconde que sua missão lá é conspirar abertamente contra o Brasil.
O filho do golpista-mor brasileiro trabalha incessantemente para que o governo dos EUA imponha sanções econômicas contra o Brasil. Trabalha pelos EUA e contra o Brasil. Nunca se viu um caso de traição nacional de tamanha desfaçatez e tão escandalosa como a que é praticada hoje pelo filho de Jair Bolsonaro.
Recentemente, o “bananinha”, como ele é conhecido por aqui, serviu de agente dos órgãos de espionagem americano e trabalhou para que uma delegação da Casa Branca tivesse sucesso em forçar o Brasil a mudar o status dos criminosos de facções criminosas para a condição de “criminosos políticos”. Os EUA queriam caracterizar o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) como “organizações terroristas”.
“TERRORISMO”: PRETEXTO PARA INVASÕES
Ora, não tem o menor cabimento em dar motivos políticos para criminosos que traficam, roubam e matam para enriquecer. Não há objetivos políticos na atuação desses bandos. Além de discordar em dar status políticos a eles, o governo brasileiro deixou claro que sabe perfeitamente o que os EUA querem com isso. É que eles possuem uma lei interna deles que permite a invasão de territórios alheios a pretexto de combater “organizações terroristas”. Essa é a malandragem da Casa Branca.
Ou seja, isso não passa de uma manobra para permitir que os EUA possam invadir o Brasil quando bem entenderem. É isso o que o “bananinha” queria. Certamente não é este o caminho que o Brasil deve seguir.
O Brasil (o B da sigla BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) tem na crise dos países do G7 uma grande oportunidade para sair da estagnação econômica e se desenvolver aceleradamente. Com o fortalecimento do BRICS, o país ganha muito mais margens de manobras em suas relações econômicas com os demais países do mundo.
Os EUA, que sempre dominaram o Brasil, não tem nada a oferecer ao Brasil hoje a não ser ameaças, guerras, tarifas e sanções. Donald Trump praticamente declarou guerra ao mundo inteiro com suas tarifas estratosféricas. E, apesar da arrogância, eles não estão tendo sucesso. Os EUA já não está com essa bola toda. Trump teve que recuar.
O governo brasileiro atual, que afastou o bolsonarismo do poder e iniciou a reconstrução nacional, parece ainda não ter percebido inteiramente todo esse espaço que se abriu para o país com a crise do império. A oportunidade de crescer e se desenvolver rapidamente e de forma independente ainda não está sendo aproveitada. Por isso o Brasil ainda não deslanchou. As velhas amarras neoliberais, sintetizadas nos juros proibitivos do Banco Central e na ditadura fiscalista de Fernando Haddad, ainda impedem o país de crescer adequadamente.
INDECISÃO FORTALECE FASCISMO
Essas amarras impedem também que Lula cumpra seu programa de fazer o Brasil crescer num ritmo de “40 anos em 4”, como era o seu lema da campanha. Este fato é um entrave e abre espaços para a volta da demagogia bolsonarista.
É importante frisar. O bolsonarismo, em qualquer uma de suas faces, é a destruição mais radical da economia brasileira e do país como nação próspera e independente. O que eles querem de fato é transformar o Brasil num país atrasado e caudatário da tragédia econômica decadente dos EUA.
O bolsonarismo já demonstrou isso em sua primeira passagem pelo Planalto. Devastaram os instrumentos de planejamento do Estado, atacaram a Previdência Social e os direitos trabalhistas. Esquartejaram a Petrobrás e venderam-na aos pedaços (refinarias, gasodutos, rede de distribuição, etc.). Por fim, no apagar das luzes do governo, entregaram a Eletrobrás, a maior empresa de energia da América Latina, para operadores inescrupulosos de fundos especulativos. O “mito” queria até entregar a Amazônia para o bilionário Elon Musk.
Se deixasse, Bolsonaro transformaria o Brasil no quinquagésimo primeiro estado americano. Ele certamente se comportaria como seu homólogo do fascismo argentino, que trocou a moeda argentina pelo dólar, abriu o país para bases militares americanas, se ofereceu para ajudar nas agressões no Oriente Médio e, na última reunião da ONU, votou com os EUA, Israel e mais nove países a favor do genocídio da população palestina na Faixa de Gaza. Só 12 países votaram a favor do genocídio, entre eles a Argentina, e 149 votaram contra.
APOIO AO GENOCÍDIO
O bolsonarista Tarcísio de Freitas foi outro que mostrou sua verdadeira face neste feriado de Corpus Christi. Ele se enrolou na bandeira da ditadura israelense na última quinta-feira (19) e desfilou pelas ruas de São Paulo. Fez isso exatamente no mesmo dia em que as tropas israelenses fuzilavam mulheres e crianças nas filas de comida na Faixa de Gaza e caças israelenses bombardeavam usinas nucleares iranianas, colocando o mundo em risco de uma catástrofe nuclear sem precedentes. Uma submissão inaceitável.
Eles são demagogia pura. Se aproveitam do sofrimento da população para enganá-la. Os seguidores de Bolsonaro mentem descaradamente. Falam em patriotismo, mas o que defendem na verdade é a entrega do país aos gringos, a escravização do povo e o fim de seus direitos.
É só se deter na fala, neste sábado (21), de um dos integrantes do governo Bolsonaro sobre quais eram os planos de seu governo para o país. “Adotou-se em nosso governo uma estratégia econômica baseada em 2 pilares: consolidação fiscal com redução de gastos públicos e reformas pró-mercado”, disse, neste sábado (21), o ex-ministro de Minas e Energia de Bolsonaro, Adolfo Sachsida.
As “metas” do governo, segundo ele, não eram de desenvolvimento, de criação de novas empresas e aumento da produção e dos empregos, mas sim de quantas empresas públicas deveriam ser vendidas para grupos estrangeiros e quanto se arrecadaria com os leilões. “Mais de um terço das empresas estatais federais foram vendidas ou fechadas, obtendo-se uma arrecadação superior à de todo o período de 1980 a 2018”, comemorou Sachsida.
DESTRUIÇÃO DO BRASIL
Destruir empresas ou vendê-las e desnacionalizá-las é apresentado como sucesso e festejado como sendo um grande feito. Como dissemos, a meta deles era – e é – destruir o Brasil.
Ele comemorou, por exemplo, a chamada “Lei da Liberdade Econômica, que, na verdade, deveria ser chamada lei da farra para acobertar a super exploração dos trabalhadores.
Chamam de “liberdade econômica” a destruição dos sindicatos, a desregulamentação das contratações, o fim dos direitos e da aposentadoria, o arrocho salarial, o fim da proteção do ambiente de trabalho, da saúde do trabalhador, etc. São as leis que permitiram a “uberização”, método que aproxima bastante as relações de trabalho atuais do escravagismo de outrora.
A outra “festa” do funcionário de Bolsonaro foi a “autonomia do Banco Central” – leia-se a transformação do BC em sindicato do cartel dos bancos. O resultado não poda ser outro: juros na lua e asfixia econômica crônica do país.
É evidente que uma possível volta do bolsonarismo significaria radicalizar a destruição do que resta da economia nacional. Por mais que eles escondam, por mais que eles se enrolem na bandeira, certamente, eles vão querer vender o que resta da Petrobrás, o Banco do Brasil, a Caixa e o BNDES. Ou seja alienar ainda mais o país.
É isso que este ex-ministro de Bolsonaro está dizendo quando afirma que Fernando Haddad tem que se render ao que fez de bom o governo Bolsonaro. É exatamente isso o que ele quer. A desnacionalização das empresas e a farra dos bancos. Ele comemorou, por exemplo, a “expansão do crédito livre e maior participação dos bancos privados” durante o seu desgoverno.
MUDAR POLÍTICA ECONÔMICA
Por tudo isso, é urgente mudar a atual política econômica. Para enterrar de vez o que restou do bolsonarismo na economia, ou seja, enterrar a ditadura fiscalista da Fazenda e a política criminosa de juros altos do Banco Central. O país não aguenta mais essa política.
Seguir insistindo nela abrirá as portas novamente para a demagogia fascista e para o aprofundamento da política neoliberal, que virá com toda a força para a conclusão da destruição do país.
Como nós vimos na traição aberta de Eduardo Bolsonaro, os fascistas tupiniquins querem facilitar a vida de Donald Trump. Eles vão querer se adiantar ao chefe e oferecer o que ele pretende obter. E o “laranjão” já manifestou publicamente que está de olho grande na Tríplice Fronteira, em Natal e em Fernando de Noronha. Sem falar no petróleo da Margem Equatorial e do pré-sal. De olho nele.
SÉRGIO CRUZ