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E agora? Vão seguir usando o boné de tietagem a Trump? Medida unilateral vai causar redução da produção mais desemprego no Brasil
Donald Trump pôs fim no cinismo do “livre mercado” e desferiu nesta segunda-feira (10) um ataque contra a produção de aço e alumínio brasileira. Instituiu uma sobretaxa de 25% sobre toda a venda dos dois produtos no mercado americano. Esta medida unilateral vai afetar a produção siderúrgica brasileira e acarretará redução da produção e demissões no setor.
As tarifas instituídas por Trump vão funcionar como um imposto sobre as importações, acarretando uma elevação dos preços. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os americanos. Estima-se que as siderúrgicas no Brasil podem perder até US$ 5 bilhões (R$ 29 bi) devido às medidas de Trump. Em 2024, o Brasil vendeu um total de US$ 11,4 bilhões de ferro e aço, sendo que 48% (US$ 5,7 bilhões) para os EUA, e US$ 1,6 bilhão no setor de alumínio, sendo 16,8% (US$ 267,1 milhões) para o mercado americano.
É verdade que, nas últimas décadas, o dogmatismo neoliberal instalado no Brasil – e do qual ainda não nos livramos -, além de desindustrializar o país, desnacionalizou boa parte de nosso parque siderúrgico, construído pelos brasileiros desde a revolução getulista. No entanto, o que Donald Trump está fazendo agora é ainda mais grave. É um ataque direto à qualquer produção de aço no Brasil. Aliás, ele deixou claro que faria isso, não só contra o Brasil, mas contra o mundo inteiro, em sua fala ao magnata de Davos.
“Venha fazer seu produto na América e nós lhe daremos um dos impostos mais baixos de qualquer nação da Terra. Estamos reduzindo-os substancialmente, mesmo com os cortes de impostos originais de Trump. Mas se você não fabricar seu produto na América, que é sua prerrogativa, então, muito simplesmente, você terá que pagar uma tarifa”, disse ele na Suíça, numa admissão de que sua indústria está sucateada e num recado de que não vai respeitar a soberania e a produção de diversos países.
“Os impactos dessa medida são a perda de receita em dólar da siderurgia, aumento de ociosidade das usinas e eventualmente suspensão ou adiantamento de seus investimentos. Dificilmente o Brasil conseguirá reorientar os volumes que deixarem de ser exportados para outros países”, diz Marco Antônio Castello Branco, ex-presidente da Usiminas.
A grande maioria das exportações brasileiras para os EUA é de aços semiacabados. Isso provocará problemas também para as empresas americanas. O que pode, segundo analistas, abrir espaço para recuos em relação ao produto brasileiro.
O presidente Lula orientou que os representantes do setor iniciem negociações para tentar reverter a decisão. As empresas mais afetadas no Brasil devem ser Ternium, ArcelorMittal e Usiminas, que têm boa parte de sua produção dirigida ao mercado americano.
A Gerdau, por outro lado, deve ser uma das poucas siderúrgicas brasileiras que não serão tão afetadas pela medida. Historicamente, menos de 10% das exportações da produção da empresa no Brasil vão para a América do Norte – a siderúrgica prioriza os mercados da América do Sul, América Central e, recentemente, tem ganhado espaço no mercado europeu.
É de se perguntar, como fez o jornalista Josias de Souza, o que dirão os bolsonaristas bajuladores de Trump sobre essa medida contra a produção brasileira. Os serviçais usaram até bonés de campanha para comemorar a chegada do bufão na Casa Branca. E agora? Como ficam os empregos perdidos no Brasil? Será que figuras como Tarcísio de Freitas e o próprio “mito” vão ter coragem de aplaudir tudo o que diz Trump? Será que eles vão ter coragem de usar novamente o boné de Trump?
Jair Bolsonaro é tão serviçal que qualquer coisa que fascista americano fizer, ele apoia. Chegou a aplaudir até a humilhação inaceitável que Trump fez contra os brasileiros deportados com algemas e correntes. Aliás, como disse o próprio Bolsonaro: “se fosse eu faria o mesmo. “Se dependesse do bozo, o Brasil seria esctito com Z, “Brazil”. Seguramente deverá aplaudir também o golpe de Trump contra a produção siderúrgica brasileira.
Por ele, até a Amazônia estaria nas mãos do nazi-trumpista Elon Musk e a Petrobrás já estaria sendo gerida pela Chevron ou outra multinacional americana. Sua falta de patriotismo é tal que ele afirmou na segunda-feira (10), segundo o Correio Brasilense, que, se fosse presidente, autorizaria que o governo americano instalasse uma base militar no sul do Brasil. Então, tudo indica que Bolsonaro vai apoiar o ataque de Trump à produção de aço brasileira. E, quanto mais ele fizer isso, mais vai ficando claro sua aversão ao Brasil e ao seu povo.
SÉRGIO CRUZ