Deputada, que disputa a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, rasgou a Constituição que o órgão tem a obrigação de defender ao votar no deputado miliciano. Filho abestado do “mito” também apoiou o criminoso investigado pelo STF
Os deputados federais aprovaram na sexta-feira (19), por 364 a 130 votos, a manutenção da prisão do deputado bolsonarista, Daniel Silveira, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), confirmada por unanimidade pelo plenário da Corte.
Ele havia sido preso em flagrante dois dias antes ameaçando membros do STF, afrontando a Constituição da República e defendendo um golpe de Estado com a volta do AI-5, instrumento de repressão da ditadura de 64 que fechou o Congresso, cassou deputados e perseguiu e matou oposicionistas.
Entre os parlamentares que defenderam que o deputado miliciano deveria ser solto para continuar ameaçando os ministros e defendendo o golpe e a prisão de juízes e parlamentares uma chamou a atenção. A deputada bolsonarista Bia Kicis, do PSL de Brasília, é conhecida pelo fanatismo, pela violência, por apoiar tudo que Bolsonaro faz e pela ignorância política.
Ela está simplesmente pleiteando a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. A CCJ é o órgão responsável pelo controle da constitucionalidade e legalidade de projetos de lei discutidos na casa. O presidente da comissão deve ser um defensor ferrenho da Constituição e deve estar também em permanente contato com os ministros do Supremo para troca de impressões.
A deputada bolsonarista já tinha poucas chances de ocupar o cargo, já que ela também é defensora de asnices como a intervenção das Forças Armadas e o fechamento do STF e do Congresso Nacional. É negacionista fanática em relação aos cuidados contra a pandemia, foi contra o Fundeb (Fundo Nacional da Educação Básica) e é alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito sobre financiamento a atos antidemocráticos, além de ser contumaz difusora de fake news.
Agora, ao bater de frente com a unanimidade do STF e a ampla maioria dos deputados para defender um fascista raivoso e babão, a deputada acaba de pregar o último prego no caixão de sua pretensão ao cargo.
Nem o capitão cloroquina, que como todos sabem, sempre nutriu uma vontade estúpida de golpear a democracia brasileira, tentou salvar o deputado criminoso da prisão. Além do silêncio mantido nos últimos dias sobre o assunto, a liderança do governo na Câmara se absteve de orientar voto nesta sexta. O próprio líder chegou a defender publicamente a manutenção da prisão.
Só se empenharam em soltar o troglodita os membros do chamado bolsonarismo de raiz, um bando de lunáticos que são tão inúteis que não perceberam – e seguem sem perceber – que Bolsonaro foi obrigado a desistir – pelo menos por enquanto -, por conta da forte resistência da sociedade, de seguir o caminho torpe do golpismo.
Outro lorpa que votou para tirar Daniel Silveira da jaula foi o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL- SP), o “zero três”. O deputado é aquele que só fez confusão para atrapalhar as relações internacionais do Brasil depois que assumiu a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. O deputado foi um dos primeiros a atacar o STF e ameaçar os ministros da Corte.
Ainda na campanha eleitoral, ele gravou um vídeo dizendo que se seu pai ganhasse a eleição, ele poderia, se quisesse, juntar um jipe e dois soldados e fechar a Suprema Corte do país. Depois de eleito, Bolsonaro bem que tentou esse intento golpista insuflando um bando de fascistas em todo país. O Brasil se levantou e enterrou suas sinistras pretensões. Agora, ele aplaude o fascista preso.
Outro fato que chamou a atenção na votação da sexta-feira (19), além dos discursos toscos dos golpistas, foi o vexame dado pelo próprio deputado que está em cana. Na véspera, ainda na prisão, blefou dizendo que mostraria ao Brasil quem é o STF. Ou seja, fez novas ameaças contra os ministros e ainda cartou marra.
“Vou mostrar para o Brasil quem é o STF”, disse o prisioneiro a um grupo de menos de dez abobados apoiadores na entrada do Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar do Rio de Janeiro, unidade para a qual ele foi transferido. Pois bem. No dia da sessão, autorizado a se defender pelo ministro Alexandre de Moraes, ao invés de cumprir o que tinha prometido na véspera, arregou e se manifestou arrependido, que tinha se excedido. Pediu até desculpas. Só faltou o covarde chorar com lencinho na mão.
Não adiantou nada disso. A encenação falhou. Por ampla maioria de votos, foi decidido que ele vai permanecer no xilindró por um bom tempo e terá que botar as barbas de molho, pois, na terça-feira (23), a Comissão de Ética da Câmara inicia o processo de cassação de seu mandato.
S.C.